Nesta sexta-feira ( 21), Sem Terra de assentamentos do estado da Paraíba estiveram em João Pessoa, capital do estado, para receber 15 tratores destinados às áreas de assentamento, negociadas com o governo estadual durante a última jornada de lutas de abril.
Durante a entrega dos tratores, João Pedro Stedile, da coordenação nacional do MST, falou da necessidade de ser criada uma empresa brasileira de produção de pequenos tratores para a agricultura familiar. “Esses tratores são todos importados e só fortalecem essas multinacionais exploradoras. É preciso criar uma “Embrapa” de pequenos tratores que fortaleça a produção brasileira e se adéqüe a nossa agricultura familiar”, criticou Stedile.
Os Sem Terra também cobraram do governo do estado a assinatura de convênio com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para a instalação de agroindústrias nos assentamentos. “É a agroindustrialização que agrega mais valor aos produtos e aumenta a renda dos agricultores e agricultoras”, disse o coordenador.
“Não nascemos para morrer de trabalhar. Todos nós agricultores e agricultoras podemos aliar nosso trabalho com o uso da tecnologia”, declarou a assentada Elenice da Silva.
Os 15 tratores destinados as áreas de assentamentos ficarão sob a responsabilidade das cooperativas e associações dos assentamentos do MST.
Ao longo da atividade, também foi realizada uma feira agroecológica com comercialização dos produtos da Reforma Agrária advindos das áreas de assentamento do MST de todo o estado da Paraíba. Foram vendidos produtos in natura, artesanato e produtos agroindustrializados.
Conhecimento científico
Durante seu discurso realizado na entrega dos tratores, Stedile declarou que todas as mudanças na sociedade só serão possíveis com a realização de três fatores. “A organização popular e a luta do povo é o primeiro fator. O segundo, são governos populares que procedem de acordo com a vontade e as energias populares. E por fim, o conhecimento, porque quem não conhece, sempre vai seguir o pensamento de alguém”, afirmou.
Diante disso, explicou a necessidade dos próprios agricultores se apropriarem do conhecimento científico. “Os agricultores precisam se apropriar do conhecimento científico, todo o esforço que pudermos colocar nas máquinas é bem vindo. Logicamente que esse conhecimento tem que ser aliado ao conhecimento milenar do agricultor familiar, como é o caso da agroecologia”.
Micro Usina
Os trabalhadores rurais também puderam visitar a experiência desenvolvida pelo professor Carlos Cabral, da Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Trata-se de uma micro usina de óleo vegetal de algodão.
“São iniciativas como estas que precisam ser expandidas e incentivadas pelos governos, pois esta micro usina pode ser utilizada para recuperar o cultivo de algodão no Nordeste, levados pelas multinacionais a Mato Grosso. Pode resultar na utilização de combustível, inclusive para estes tratores, incentiva a produção de vestuário pelo cultivo do algodão e pode substituir o uso do óleo de soja pelo de algodão que é muito mais saudável”, Stedile.
“Esse investimento é nada para um governo, mas pode representar um avanço para a agricultura familiar”, completou.
Da Página do MST