Cerca de 400 camponeses e camponesas ocupam o prédio do Instituto em Maceió e denunciam continuidade do bolsonarismo com a nomeação de Junior Rodrigues do Nascimento
Redação - Brasil de Fato
Em defesa da Reforma Agrária e contra o desmonte do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) em Alagoas, organizações camponesas ocupam na manhã de hoje (29) a sede da superintendência do órgão em Maceió. A ação repudia a nomeação de Junior Rodrigues do Nascimento para superintendência do órgão, substituindo o superintendente exonerado nas últimas semanas, César Lira, ambos indicados pelo presidente da Câmara Federal, Arthur Lira (PP).
Camponeses e camponesas ligados a Comissão Pastoral da Terra (CPT), Movimento Social de Luta (MSL), ao Movimento Popular de Luta (MPL), Movimento Terra, Trabalho e Liberdade (MTL), Movimento Terra Livre, Frente Nacional de Luta (FNL) e ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), repudiam a nomeação que representa a continuidade da gestão com traços do bolsonarismo, herdado pela condução de César Lira desde o governo Temer.
De acordo com as organizações mobilizadas, o consenso firmado com Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), garantia a nomeação do servidor de carreira do Instituto, José Ubiratan, mas que foram surpreendidos com a nova indicação de Lira para a condução do órgão mais uma vez.
Com faixas, palavras de ordem, bandeiras e ferramentas, os movimentos destacam que não vão aceitar a nova indicação para o cargo e sinalizam uma ampla agenda de luta que paute a nomeação de um superintendente que esteja alinhado aos desafios e expectativas da pauta agrária no estado.
A mobilização levanta ainda a denúncia da relação de Junior Rodrigues com o Incra a partir da prestação de serviço da empresa de sua coordenação para executar o Programa de Habitação Rural, que foi marcada por uma série de problemas na sua condução.
Segundo os movimentos, a nomeação de Junior acende mais uma luz amarela na condução da política agrária em Alagoas que tem sua cadeira rifada aos interesses individuais em virtude das necessidades coletivas das comunidades e organizações camponesas no estado.
Entenda o caso
Com nomeação desde o governo Temer e mantido no governo Bolsonaro, César Lira conduziu o Incra em Alagoas e teve sua gestão marcada pela insatisfação de camponeses e camponesas organizados no estado, e até com denúncia de violência junto à agricultores.
Desde o início do governo Lula, os movimentos de luta pela terra em Alagoas exigem a exoneração de Lira e a indicação de um novo superintendente que corresponda às expectativas de luta agrária no estado marcado pela concentração de terra.
A indicação das organizações, intelectuais e instituições de ensino é de que o servidor de carreira do órgão, José Ubiratan, possa assumir a superintendência do Incra. Uma carta pública, lançada pelas Universidades Federal e Estadual, além do Instituto Federal, pautam a defesa de José Ubiratan, conhecido como Bira, e já conta com dezenas de apoiadores e apoiadoras em todo o país.
Fotos: Myckesio Max
Fonte: Redação - Brasil de Fato