Comissão Pastoral da Terra Nordeste II

Mais de 3000 quilos de alimentos foram distribuídos em cestas camponesas entregues em Maceió, Fernão Velho e Rio Largo

A Comissão Pastoral da Terra (CPT) de Alagoas comemorou os 47 anos da organização no Brasil com uma ação de solidariedade, que foi concluída com uma celebração ecumênica, na Área Pastoral Nossa Senhora de Fátima, em Rio Largo, na última sexta-feira, 24. Na ocasião, foram entregues cestas camponesas com alimentos doados pelas famílias camponesas acompanhadas pela CPT no estado.

47 anos de existência e resistência junto aos povos da terra, das águas e das florestas

“Nessa celebração, a luz entrou na frente para nos lembrar de que há uma luz que está no meio de nós, que nos ilumina e que iluminou esses 47 anos de caminhada da Comissão Pastoral da Terra”, explicou o frei Roberto Eufrásio no início da cerimônia comemorativa. O frei franciscano da Ordem dos Capuchinhos trouxe a reflexão de que a CPT, nos vários cantos do país, segue o trabalho de Jesus Cristo, sendo uma luz para abrir caminhos de vida e de liberdade.

O coordenador nacional da CPT, Carlos Lima, apresentou a história da organização e ressaltou a missão de estimular o protagonismo dos povos da terra, das águas e das florestas: “A gente não quer ser tutor da comunidade; a gente quer que as comunidades, o povo sem-terra, ribeirinho, indígenas – eles mesmos falem o que sentem. A luta é deles; a CPT é um serviço, um apoio. Então, o protagonismo tem que ser deles”.

Durante a apresentação de slides com fotos, muitas pessoas que marcaram a jornada da CPT a nível nacional e estadual foram lembradas, entre elas, os padres missionários italianos Luiz Canal e Aldo Giazzon, os padres Emílio April, Eraldo e Alexander Cauchi e as religiosas irmãs Rita, Lígia e Cícera Menezes, que estava presente. Em memória, também foram mencionados o bispo Dom Tomás Balduino, o padre André e o sindicalista Izac Jacson, conhecido como Izac da CUT.

Por uma Igreja radical e profética – A CPT nasceu em 1975, em plena ditadura militar, para se fazer igreja radical, profética e profundamente conectada com o sonho de justiça dos empobrecidos da Terra. Hoje, diante da crise agravada pela política econômica do atual governo e pela pandemia, do aumento da fome, do desemprego, do desmonte dos serviços públicos, da violência no campo e da destruição do meio ambiente, não há o que comemorar. Mas a partilha dos alimentos da agricultura camponesa e da luta pela terra é também a partilha da resistência e da esperança em dias melhores.

Ação solidária regionalizada

Com os frutos da luta pela terra, as cestas camponesas foram organizadas pela equipe da pastoral na data do aniversário da CPT no país, 22 de junho, e no dia seguinte, 23, no pátio da Igreja Batista do Pinheiro. Lá, parte das doações foram entregues ao Setor de Ação Social, que destinou as cestas para a pessoas carentes, ao Lar do Bom Samaritano e a Associação Comunitária e Beneficente dos Moradores do Bairro do Bom Parto.

Na tarde do Dia de São João, 24 de junho, outros alimentos foram entregues na Comunidade Divina Pastora, parte da Paróquia São José Operário, situada em Fernão Velho. À noite, a Área Pastoral Nossa Senhora de Fátima, em Rio Largo, recebeu as cestas logo após a celebração junto à comunidade. A atividade foi encerrada com comidas típicas juninas servidas e um "arraiá".

Cada instituição distribuiu as cestas camponesas para famílias em situação de vulnerabilidade social da sua circunvizinhança. Ao todo, foram doadas 150 cestas que somam aproximadamente três toneladas de alimentos produzidos por comunidades camponesas em assentamentos e acampamentos de luta pela terra em Alagoas. As sacolas continham milho, farinha, abóbora, feijão carioca, macaxeira, banana, laranja e outras frut­­as e verduras.

A ação integra o mutirão de solidariedade “Repartir a terra, partilhar o pão”, realizado pelo terceiro ano consecutivo pelas famílias agricultoras apoiadas pela CPT Nordeste 2 (Alagoas, Paraíba, Pernambuco e Rio Grande do Norte) em referência ao período de nascimento da Pastoral no país. O mutirão já destinou cerca de 100 toneladas de alimentos a populações vulneráveis daqueles estados.

No Recife, as equipes da CPT da Mata Sul de Pernambuco e de João Pessoa da Paraíba entregaram as doações a famílias desabrigadas em razão da negligência dos poderes públicos diante das fortes chuvas ocorridas em Pernambuco nas últimas semanas.

Na avaliação da CPT, o gesto de solidariedade vem contribuindo para ampliar o diálogo com a cidade e demonstrar a importância dos povos do campo e da Reforma Agrária para combater a fome no país e promover justiça social e dignidade no campo.

Outras iniciativas em celebração ao aniversário da CPT continuam nos demais estados que compõem a CPT Nordeste 2, que vão realizar encontros, estudos e atividades religiosas.

 

 

Lara Tapety - Ascom CPT/AL

 

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