O objetivo das assembléias foi aprovar a pauta de reivindicações da categoria, que inclui pontos como o seguro desemprego na entressafra, a garantia de emprego para jovens e mulheres, salário maior que o mínimo, reforma agrária digna, combate ao uso de agrotóxicos, recomposição ambiental da zona da mata, garantia de cumprimento da tabela de tarefas, transporte seguro para trabalhadores da cana e cumprimento do compasso na medição das tarefas, entre outros.
Um dos destaques na pauta de reivindicação dos canavieiros para o ano de 2008 é trecho que exige que os empregadores se comprometam, na moagem 2008/2009, com o corte de no mínimo, 50% de cana crua. A medida reduz a produção dos trabalhadores rurais, pois o corte da cana crua, por um lado, exige mais esforço físico e deixam os canavieiros mais expostos ao contato com animais peçonhentos. Entretanto, a proposta é considerada como uma ação para preservação do meio ambiente e também par a saúde dos trabalhadores, já que no corte da cana crua não há o processo de queimada, que emite substâncias prejudiciais a saúde do trabalhador e ao meio ambiente (pela pauta de reivindicação, também fica proibida a queima da palha após o corte). Para a efetivação desta medida, será necessário que os empregadores se comprometam a fornecer todos os Equipamentos de Proteção Individual (EPI) e também que o pagamento pela produção seja compatível com o esforço dos trabalhadores no corte da cana crua.
A pauta de reivindicações também incluiu pontos que dizem respeito diretamente às mulheres trabalhadoras rurais, como reserva de 40% das admissões para as trabalhadoras rurais, repouso em caso de aborto, direito à creche, período reservado para amamentação, além de dispensa para realização de exames preventivos. O documento registra ainda que fica proibido qualquer tipo de preconceito ou comportamento abusivo contra a trabalhadoras rurais, como o assédio sexual dos empregadores ou demais colegas de trabalho, e também como a exigência de esterilização para obtenção ou permanência no emprego,
A Comissão Pastoral da Terra esteve presente em Assembléias de vários municípios. Em Ribeirão, zona da mata sul do estado, centenas de trabalhadores e trabalhadoras rurais compareceram à Assembléia. Para Geovani José, da CPT da Mata Sul, que acompanhou a discussão no município, “a luta dos trabalhadores (as) não é só naquele momento por melhores salários, mas principalmente pela Reforma Agrária, pela mudança do modelo de produção baseado na monocultura, no agronegócio, que deixa milhares de trabalhadores sem acesso à terra e muitas vezes, submetidos ao trabalho escravo, como vemos com freqüência nos canaviais”.
Uma vez aprovada, a pauta de reivindicações (elaborada pelos delegados sindicais da região no último congresso da categoria) será entregue pela Federação dos Trabalhadores da Agricultura do Estado de Pernambuco (Fetape) ao Sindaçúcar e ao Sindicato dos Fornecedores de Cana, até esta semana. A Superintendência Regional do Trabalho também será comunicada para que a mesma faça a mediação das negociações entre trabalhadores e patronato, que deverão ser iniciadas na segunda quinzena de setembro.
Veja aqui as reivindicações apresentadas nas Assembléias.