Comissão Pastoral da Terra Nordeste II

\"\"No último domingo, dia 14, cerca de 30 mil canavieiros, organizados em 52 sindicatos de trabalhadores rurais da zona da mata de Pernambuco, se reuniram em assembléias municipais para a deflagração oficial da Campanha Salarial dos Canavieiros para o ano de 2008. 

O objetivo das assembléias foi aprovar a pauta de reivindicações da categoria, que inclui pontos como o seguro desemprego na entressafra, a garantia de emprego para jovens e mulheres, salário maior que o mínimo, reforma agrária digna, combate ao uso de agrotóxicos, recomposição ambiental da zona da mata, garantia de cumprimento da tabela de tarefas, transporte seguro para trabalhadores da cana e cumprimento do compasso na medição das tarefas, entre outros.

Um dos destaques na pauta de reivindicação dos canavieiros para o ano de 2008 é trecho que exige que os empregadores se comprometam, na moagem 2008/2009, com o corte de no mínimo, 50% de cana crua. A medida reduz a produção dos trabalhadores rurais, pois o corte da cana crua, por um lado, exige mais esforço físico e deixam os canavieiros mais expostos ao contato com animais peçonhentos. Entretanto, a proposta é considerada como uma ação para preservação do meio ambiente e também par a saúde dos trabalhadores, já que no corte da cana crua não há o processo de queimada, que emite substâncias prejudiciais a saúde do trabalhador e ao meio ambiente (pela pauta de reivindicação, também fica proibida a queima da palha após o corte). Para a efetivação desta medida, será necessário que os empregadores se comprometam a fornecer todos os Equipamentos de Proteção Individual (EPI) e também que o pagamento pela produção seja compatível com o esforço dos trabalhadores no corte da cana crua.

A pauta de reivindicações também incluiu pontos que dizem respeito diretamente às mulheres trabalhadoras rurais, como reserva de 40% das admissões para as trabalhadoras rurais, repouso em caso de aborto, direito à creche, período reservado para amamentação, além de dispensa para realização de exames preventivos. O documento registra ainda que fica proibido qualquer tipo de preconceito ou comportamento abusivo contra a trabalhadoras rurais, como o assédio sexual dos empregadores ou demais colegas de trabalho, e também como a exigência de esterilização para obtenção ou permanência no emprego,

A Comissão Pastoral da Terra esteve presente em Assembléias de vários municípios. Em Ribeirão, zona da mata sul do estado, centenas de trabalhadores e trabalhadoras rurais compareceram à Assembléia. Para Geovani José, da CPT da Mata Sul, que acompanhou a discussão no município, “a luta dos trabalhadores (as) não é só naquele momento por melhores salários, mas principalmente pela Reforma Agrária, pela mudança do modelo de produção baseado na monocultura, no agronegócio, que deixa milhares de trabalhadores sem acesso à terra e muitas vezes, submetidos ao trabalho escravo, como vemos com freqüência nos canaviais”.

               
Uma vez aprovada, a pauta de reivindicações (elaborada pelos delegados sindicais da região no último congresso da categoria) será entregue pela Federação dos Trabalhadores da Agricultura do Estado de Pernambuco (Fetape) ao Sindaçúcar e ao Sindicato dos Fornecedores de Cana, até esta semana. A Superintendência Regional do Trabalho também será comunicada para que a mesma faça a mediação das negociações entre trabalhadores e patronato, que deverão ser iniciadas na segunda quinzena de setembro.



Veja aqui as reivindicações apresentadas nas Assembléias.



Comissão Pastoral da Terra PE, com informações da Fetape.




 

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