A Via Campesina marcou a semana que antecedeu o oito de março, dia internacional da Mulher, com várias mobilizações em todo o país. Em Pernambuco, as ações organizadas pelas trabalhadoras rurais foram direcionadas para o combate à expansão do monocultivo da cana-de-açúcar e ao trabalho escravo.
Foi com esse objetivo que no último dia 6, cerca de 100 mulheres da Via Campesina ocuparam o Engenho Pereira Grande, da Usina Estreliana, localizada no município de Gameleira, zona da mata sul de Pernambuco. No mesmo dia, as trabalhadoras rurais seguiram para a cidade de Água Preta, também na Mata Sul do Estado, e derrubaram a casa grande do engenho Cachoeira Dantas.
O Sertão do Estado também foi marcado por mobilizações. Em Petrolina, cerca de 500 mulheres da Via Campesina ocuparam a sede da Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco (CODEVASF), para protestar contra o modelo de desenvolvimento implementado pela companhia, que visa apoiar grandes projetos de irrigação para o agronegócio, como a transposição do Rio São Francisco, o Pontal Sul, em Petrolina, e o Projeto Salitre, em Juazeiro, na Bahia.
No último dia 7, centenas de mulheres foram às ruas do Recife, denunciar o avanço desenfreado da produção da cana-de-açúcar no estado. A ação aconteceu no Sindicato da Indústria do Açúcar e do Álcool de Pernambuco (Sindaçucar), representante das maiores usinas de cana do estado, dentre elas, algumas conhecidas por violação de direitos trabalhistas, humanos e ambientais. Na ocasião, as trabalhadoras queimaram cana-de-açúcar como forma de protestar contra a expansão deste monocultivo, que só em 2007 foi responsável por 50% dos casos de trabalho escravo identificados pelo Ministério do Trabalho.
Confira aqui o que registra toda a mobilização do dia 7, no Sindaçúcar, e mostra a luta das mulheres da Via Campesina contra a agronegócio, o latifúndio e o monocultivo da cana, que aumenta ainda mais a concentração de terra, a devastação do meio ambiente e o trabalho escravo.