Fonte: www.mst.org.br 10/03/2008
Até sexta-feira, as mulheres da Via Campesina já tinha realizado protestos em São Paulo (contra Monsanto), Distrito Federal, Paraná e Rio de Janeiro (contra Syngenta), Rio Grande do Sul (contra Stora Enso), Pernambuco (contra monocultura da cana), Rondônia, Mato Grosso, Alagoas, Rio Grande do Norte e Pará (com pautas estaduais).
Nesta segunda-feira, mais de 1.000 mulheres da Via Campesina ocuparam os trilhos de uma das principais ferrovias da mineradora Vale (antiga Companhia Vale do Rio Doce), que corta o município de Resplendor, na região do Vale do Rio Doce, em Minas Gerais.
O protesto, que conta com mulheres de Minas Gerais e Espírito Santo, denuncia que a construção da Barragem de Aimorés, pela Vale e Cemig (Companhia Energética de Minas Gerais), inviabiliza o sistema de esgoto da cidade, inundando 2 mil hectares de terra (2 mil campos de futebol). A Vale é uma das principais responsáveis pela destruição do meio ambiente em Minas e pela concentração de terras, por meio do plantio de eucalipto em larga escala que alimenta as usinas associadas.
Na Bahia, cerca de três mil trabalhadores rurais ocuparam a Secretaria de Agricultura, Irrigação e Reforma Agrária, no Centro Administrativo da Bahia (CAB), para cobrar o cumprimento da pauta de reivindicações do movimento, que foi entregue ao governo no ano passado.
No sábado, cerca 900 trabalhadoras Sem Terra realizaram um protesto em frente às instalações da carvoaria industrial da Vale (ex-companhia Vale do Rio Doce) para denunciar que a queima de eucalipto plantado na área está causando problemas respiratórios nos trabalhadores do assentamento Califórnia, no município de Açailândia, no Maranhão.
Há três anos em atividade, a carvoaria foi instalada a cerca de 800 metros da agrovila do assentamento onde vivem mais de 1800 pessoas. Tem instalado 74 fornos industriais com capacidade cada um de produzir 160m³ de carvão, cada forno industrial tem capacidade de produzir 30 vezes mais que um forno de uma carvoaria comum.
No Mato Grosso do Sul, 300 Sem Terra, em sua maioria mulheres, realizaram um protesto em frente à transnacional Cargill, na cidade de Dourados, e pararam a fábrica por algumas horas para protestar contra o avanço do agronegócio, que penaliza o trabalho de camponeses da região e em todo o país.
No Ceará, mais de 600 mulheres da Via campesina realizaram ato no município de Madalena, pela manhã, e depois fecharam por duas horas a BR-020. Durante o ato, as mulheres entregaram manifesto contra as empresas transnacionais e contra a transposição do Rio São Francisco.
Na região oeste de Santa Catarina, em Xanxerê, cerca de 700 mulheres fecharam o acesso à empresa Agroeste, empresa de sementes de milho comprada pela transnacional americana Monsanto. Depois, fecharam por meia hora o trevo da BR 282, que dá acesso a Xanxerê e diversos municípios, fizeram uma caminhada pelo centro da cidade.
A Agroeste era uma empresa catarinense e, no final do ano passado, foi comprada pela Monsanto. Com isso, a maior produtora de sementes de milho do estado está na mão de uma empresa estrangeira.
“A população ficou à margem de todo o processo de desnacionalização de uma empresa que beneficiava os agricultores, além de não ser informada sobre os males que o milho transgênico poderá causar às pessoas e ao meio ambiente", explicou Irma Brunetto, da coordenação da Via Campesina.
A Via Campesina protesta contra a liberação de duas variedades de milho transgênico pelo Conselho Nacional de Biossegurança, que demonstra, mais uma vez, que o governo Lula fez uma opção política pelo agronegócio e pelas grandes empresas estrangeiras da agricultura, deixando de lado a Reforma Agrária e a agricultura familiar.