Nessa quarta-feira, 4, foi realizado um ato público no Recife em memória do Movimento Feminino Pela Anistia e em homenagem a mulheres militantes de ontem e de hoje. Entre as homenageadas estava Maria Joseane, paraibana e coordenadora da Comissão Pastoral da Terra (CPT) Nordeste 2, que recebeu uma distinção em nome de Margarida Maria Alves, histórica líder sindical e trabalhadora rural assassinada em 1982.
Setor de comunicação da CPT NE2
O evento, realizado na sede do Grupo Mulher Maravilha, foi organizado pelo Fórum Permanente da Anistia em Pernambuco e pela Associação Pernambucana dos Anistiados Políticos. Durante a cerimónia, Joseane destacou a trajetória de luta de Margarida Maria Alves.
“Em Alagoa Grande, na Paraíba, em pleno período de repressão ditatorial, surgiu uma Margarida, mulher camponesa e sindicalista rural, o que não era comum para a época, sobretudo no Nordeste”, afirmou Joseane. "Mulher corajosa e destemida, profundamente solidária com os camponeses e as camponesas, Margarida não arredou o pé da luta por direitos dos trabalhadores rurais. Diante das ameaças de morte, Margarida, de cabeça sempre erguida e com língua afiada, sempre dizia: “DA LUTA EU NÃO FUJO”, lembrou.
Emocionada, a coordenadora da CPT NE2 destacou que se considera “uma semente de Margarida que vive e resiste entre muitas Margaridas”, mantendo vivas as pautas que a sindicalista defendia, como a reforma agrária e a dignidade no campo. Maria Joseane, mulher camponesa, vive no assentamento Redenção, município de Pilões. Sua trajetória foi moldada pela experiência pessoal e familiar ao acompanhar os pais na luta pela desapropriação das terras da Usina Santa Maria. Em 1997, período em que houve a desapropriação do imóvel, Joseane, então com 10 anos, já demonstrava o compromisso com a sua comunidade, com a organização da juventude e com a luta por vida digna no campo. Hoje, assumindo a missão de coordenadora da CPT NE2, Joseane destaca que receber a homenagem é uma alegria. “Sinto-me muito honrada e agradecida. Foi um momento muito marcante na minha trajetória na CPT, fará parte da minha história como símbolo de reconhecimento, luta e resistência”, concluiu.
Além de Maria Joseane, também foram homenageadas Luiza Batista Pereira, coordenadora geral da Federação Nacional das Trabalhadoras Domésticas (FENATRAD), e Lourdes Luna, cofundadora do Grupo Mulher Maravilha. O evento representou um momento de reconhecimento e celebração da luta incansável das mulheres pelos direitos humanos, principalmente em contextos de opressão e violência no campo e na cidade.