Mulheres camponesas apoiadas pela CPT marcaram presença no 3º Encontro Nacional da Marcha Mundial das Mulheres "Nalu Faria", realizado em Natal (RN) durante os dias 6 a 9 de julho. O Encontro teve o objetivo discutir os desafios da conjuntura e fortalecer o movimento feminista no Brasil.
Setor de comunicação da CPT NE 2
Imagens: divulgação
Durante os quatro dias do encontro, mais de mil mulheres provenientes de 23 estados do Brasil se reuniram para aprofundar questões essenciais relacionadas ao feminismo, à defesa dos direitos das mulheres e à construção de uma sociedade livre da opressão, da exploração e da violência.
Os debates abrangeram diversos temas, todos relacionados à luta feminista, como: defesa dos bens comuns contra corporações transnacionais, justiça climática, economia feminista baseada na sustentabilidade da vida, soberania alimentar, luta pela terra e território, agroecologia, luta contra a mineração e os impactos das energias eólica e solar, enfrentamento da violência contra as mulheres e do racismo, busca por paz e desmilitarização, autonomia sobre seus corpos, legalização do aborto, combate à mercantilização da vida das mulheres, entre outros.
Além de aprofundarem o debate sobre todos esses temas relevantes para suas vidas, as mulheres tomaram as ruas da capital potiguar, no dia 8, em um grande ato público realizado em frente ao Midway Mall. Ali, com batucada, faixas, cartazes e bandeiras, as vozes das mulheres do campo e da cidade se uniram em defesa da igualdade de gênero, da soberania popular e da vida das mulheres.
Andréia Ferreira, do Assentamento Padre Cleide, em Santa Helena (PB), ressaltou a importância do encontro: “Eu achava a palavra feminismo muito forte, mas eu já vivia o feminismo sem saber. Aqui foi só um momento para que eu me descobrisse enquanto feminista. Isso abre nossa mente para a consciência de que somos fortes e precisamos lutar por algo melhor, ajudando umas às outras, principalmente contra o preconceito e a violência”. Luciene, do município de Sousa, na Paraíba, também concorda com Andréia. “Participar do encontro foi muito bom porque descobri a importância da união das mulheres, que consegue transformar o mundo”, afirmou.
Ao final do encontro, as mulheres publicaram uma declaração para reafirmar a posição sobre os temas discutidos e expressar a disposição de lutar para romper as estruturas de opressão e violência do sistema patriarcal e capitalista. “Assumimos o desafio de fincar os pés em cada município, vilarejo, comunidade e assentamento. E de organizar um movimento massivo de mulheres para que o feminismo seja um lugar de cuidado, afeto e, principalmente, de luta. Assumimos o compromisso de compartilhar os aprendizados feministas e aprender com as mulheres para, juntas, construirmos uma sociedade de liberdade e igualdade. Reafirmamos que a alvorada feminista se inicia a cada dia até que todas sejamos livres”, segundo trecho do documento.
Preparação - Para as agricultoras apoiadas pela CPT, o 3º Encontro Nacional da Marcha Mundial das Mulheres “Nalu Faria” começou antes mesmo de embarcarem para a capital Potiguar. Isso porque sua participação no Encontro foi precedida por um amplo processo de mobilização, articulação e formação nos estados do Rio Grande do Norte e Paraíba.
Socorro Ferreira, uma das agentes pastorais que acompanhou o processo de preparação das camponesas, destaca a importância de as mulheres estarem envolvidas nos processos de luta feminista. “Ser camponesa e estar no processo de luta é muito importante, porque nos faz compreender a vida, vencer os desafios e enfrentar os conflitos no campo, onde somos violentadas e agredidas, mas muitas vezes não temos força para reagir. A participação na luta também nos faz entender os diversos tipos de violência que sofremos e nos faz perceber a necessidade de nos organizarmos e buscar meios para fazer os enfrentamentos”, destaca.
Na avaliação da agente pastoral Hilberlândia Andrade, do Rio Grande do Norte, todo o processo, que envolveu a preparação e a participação no 3º Encontro Nacional da Marcha Mundial das Mulheres, foi muito para reforçar a organização das camponesas. “No encontro, foram feitas várias discussões potentes sobre o feminismo. Nós carregamos nossas baterias, abrimos nossas mentes e reafirmamos que nós mulheres ‘balançamos o mundo’. O encontro foi como uma fonte que fortaleceu as mulheres a seguirem fortalecendo os seus grupos e nos animou a seguir a luta, tão difícil, que é a construção de uma sociedade justa e igualitária”, concluiu.