Comissão Pastoral da Terra Nordeste II

Queremos pedir a sua solidariedade. Em 20 de agosto, a Funai (Fundação Nacional do Índio) entregará o relatório final sobre os 18 mil hectares de terras indígenas no norte do Espírito Santo, hoje sob posse da empresa Aracruz Celulose. A área é originária dos povos Tupiniquim e Guarani, mas em 1967, a companhia começou a plantar eucaliptos indiscriminadamente e expulsou as aldeias da região. Antes da chegada da Aracruz, havia 40 aldeias indígenas no estado. Hoje são apenas sete. Na mesma época, a empresa também entrou nas terras de mais de 10 mil quilombolas e camponeses que viviam como posseiros no estado. Uma das responsáveis pela extinção dos povos indígenas, a Aracruz extirpa cultura e seres humanos. Nas terras que antes eram produtivas, hoje a biodiversidade praticamente inexiste. Onde antes havia mata nativa, a vegetação se resume à eucaliptos, que formam um verdadeiro deserto verde onde os pássaros e as flores não se reproduzem e nenhum alimento é produzido. Segundo relatos dos indígenas, até a água já começa a desaparecer: um pé de eucalipto de 15 metros de altura é capaz de absorver cerca de 3,6 mil litros de água no ano, comprometendo o lençol freático da região. Se os indígenas ainda estivessem em suas terras, isso não aconteceria, como aponta um estudo concluído esse ano, que comparou o desmatamento dentro e fora de 121 terras indígenas brasileiras, 15 parques nacionais, dez reservas extrativistas e 18 florestas nacionais, entre 1997 e 2000. Segundo o relatório, as terras indígenas ajudam a prevenir o desmatamento tanto quanto as unidades de conservação de uso indireto, como os parques nacionais. Diante desse quadro, os indígenas retomaram a mobilização para recuperar as terras e em 2005 ocuparam a área onde está um dos cemitérios de seus ancestrais. Em 20 de janeiro deste ano, a Aracruz Celulose mobilizou helicópteros, bombas, armas, tratores e 120 agentes da Polícia Federal, para destruir as duas aldeias reconstruídas e expulsar os povos nativos. O despejo foi violento e deixou marcas nos corpos e na memória das comunidades. Depois do despejo violento, o ministro da Justiça, Márcio Thomas Bastos, se comprometeu a assinar a portaria delimitando a área assim que recebesse o processo com os documentos. O relatório, que será entregue no dia 20, aponta que o território indígena no estado é de 18.070 hectares, sendo que 11.009 hectares ainda se encontram em posse da Aracruz. Além disso, os estudos técnicos concluíram que aquelas terras são fundamentais para a sobrevivência física e cultural dos povos indígenas. Advertindo sobre as arbitrariedades que se acumularam e as perversas conseqüências sobre as comunidades indígenas do Espírito Santo, exigimos que desta vez a promessa seja cumprida e os direitos humanos sejam privilegiados sobre os interesses meramente econômicos da multinacional do eucalipto. Para garantir a demarcação das terras, os indígenas iniciaram uma campanha de envio de correios eletrônicos ao ministro Márcio Thomas Bastos. Nós, do MST, apoiamos a iniciativa e esperamos que, em alguma medida, a dívida histórica com esses povos seja reparada. Conclamamos todos e todas, em nome dos verdadeiros donos das terras brasileiras, a se somarem nessa corrente de solidariedade. Para participar, escreva para: Este endereço para e-mail está protegido contra spambots. Você precisa habilitar o JavaScript para visualizá-lo. Forte abraço, Secretaria Nacional do MST Breves Carajás: Indenização sai apenas para 20 dos mais de 70 mutilados Após 10 anos do Massacre de Eldorado dos Carajás (PA), em que 19 Sem Terra foram assassinados, nenhum dos responsáveis pelo crime está preso. No início de agosto, 20 sobreviventes conseguiram uma indenização de 1,2 milhão de reais. O valor é menos da metade do que havia sido determinado anteriormente pela Justiça, e só será pago em 2008. Segundo Charles Trocate, integrante da direção nacional do MST, esta é uma pequena vitória. O número de feridos passa de 70, mas apenas 20 deles têm documentação necessária para processar o Estado. É inaugurada a biblioteca da Escola Nacional Florestan Fernandes Em 05 de agosto, uma grande comemoração marcou a abertura oficial da biblioteca da Escola Nacional Florestan Fernandes. Cerca de 150 pessoas estiveram presentes no ato, que contou com a participação do professor emérito da Universidade de São Paulo, Antônio Cândido, da professora Heloísa Fernandes, também da USP, e de João Pedro Stedile, integrante da coordenação nacional do MST. Durante sua exposição, Cândido destacou a importância do livro na vida do ser humano. “O livro mata a fome da cabeça, serve para a instrução e para a imaginação, direitos tão importantes quanto a alimentação”, afirmou. Indique o MST Informa para um amigo ou uma amiga Caros amigos e amigas, continuamos com a campanha para ampliar nosso cadastro e conseguir colocar para a sociedade as análises e posições do MST. Indique pelo menos mais um correio eletrônico e envie para Este endereço para e-mail está protegido contra spambots. Você precisa habilitar o JavaScript para visualizá-lo. com assunto "cadastro letraviva". Cartas Gostaria de agradecer a todos os integrantes do MST pela luta contínua em busca de uma superação da lógica cruel do capital. Os movimentos camponeses, sobretudo na América Latina, estão mostrando que a conquista da terra passa por uma transformação substancial do modo de produção capitalista. Viva a luta pela Reforma Agrária! Viva o espírito revolucionário dos movimentos camponeses latino-americano! Michel Assis Navarro.

 

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