A Comissão Pastoral da Terra na região do Pajeú e Moxotó, no sertão de Pernambuco, vem acompanhando, nessas últimas semanas, as ocorrências de conflitos na ocupação da Fazenda Jaú, localizada no município de Sertânia. As famílias encontram-se acampadas no local desde o dia 22 de julho de 2018.
Na manhã do dia 22 de agosto, homens armados chegaram de carro no acampamento disparando vários tiros, inclusive com armas de grosso calibre, queimando os barracos e destruindo seus pertences, causando pavor às famílias. Os/as sem-terra conseguiram escapar das balas, refugiando-se no matagal e, posteriormente, encontraram abrigo em um sítio vizinho.
Os casos de violência contra as 85 famílias acampadas na Fazenda Jaú não são de agora. Desde o dia anterior à ocupação, os trabalhadores e trabalhadoras sem-terra passaram a ser vítimas de perseguições, intimidações, ameaças de expulsão e de morte por parte de funcionários do proprietário da Fazenda. O caso de hoje tornou-se mais grave por se tratar de uma tentativa de assassinato desses/as trabalhadores/as,
Em ataques anteriores, portas foram quebradas; um grande buraco em torno da entrada do portão de acesso ao acampamento foi feito por uma retroescavadeira, impedindo a entrada e saída das famílias; barracas foram queimadas; famílias foram ameaçadas e intimidadas; sem-terras foram detidos e levados forçadamente à Delegacia de Sertânia, sem que lhes dissessem o motivo da detenção. Tudo foi registrado em boletim de ocorrência, mas até agora nada foi feito a favor dos trabalhadores e das trabalhadoras. A violência não se restringe ao ambiente do acampamento. Quando comparecem ao centro urbano do município, as famílias são alvos de insultos e ameaças.
O Estado está se mostrando não somente omisso, mas também conivente, já que a polícia vem atuando no sentido de servir aos interesses particulares do proprietário. Diante do exposto, a Comissão Pastoral da Terra vem denunciar e pedir uma ação dos órgãos competentes para resolverem essa situação antes que a violência se intensifique e ocorra algo pior.
Afogados da Ingazeira - PE, 22 de agosto de 2018.
Comissão Pastoral da Terra – CPT PAJEÚ MOXOTÓ