O assassinato da camponesa, trabalhadora e líder do movimento sindical da Paraíba foi lembrado com muita espiritualidade e mística pelos camponeses, agentes de pastorais e amigos/as da CPT NE 2 no último domingo, dia 12 de agosto, durante a comemoração dos 30 anos da CPT NE 2. A data marcou 35 anos do assassinato dessa guerreira.
A banda Manegrafia iniciou o momento místico com os versos: “Margarida desejava ver o povo satisfeito, tendo salário, férias, tudo o que ele tinha direito!”.
E com a entoação do cântico “Se calarem a voz dos profetas, as pedras falarão”, os/as participantes foram convidados/as a fazerem uma reflexão sobre a mística de Margarida Maria Alves. Uma imagem da líder à frente da plenária ajudou a todos/as a embarcarem, em silêncio, num momento de memória.
Um pouco de sua história nos foi contada, alternada pela voz do Padre Hermínio Canova, por um vídeo que narrou parte de sua vida e por uma encenação, que tocou a todos/as.
Margarida Maria Alves foi a primeira mulher presidenta do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Alagoa Grande, na Paraíba. Suas lutas foram muitas, mas algumas são lembradas aqui: garantir o registro na carteira de trabalho; jornada de 8 horas de trabalho diário, 13° salário e férias . Em discurso feito durante a comemoração do dia do trabalhador e da trabalhadora, em 1º de maio de 1983, Margarida denunciou que vinha recebendo ameaças de morte e proferiu a sua frase mais famosa: ‘É melhor morrer na luta que morrer de fome’. Foi no mesmo ano desse discurso que Margarida foi assassinada com um tiro, em frente à sua casa.
Continuando o momento de reflexão na mística de memória da morte de Margarida Maria Alves: o cântico “mataram mais um irmão...” fez com que todos/as refletissem sobre as palavras ligadas à luta escritas em cartazes em formato de flores: democracia, esperança...
“Não faz muito tempo seu moço pras bandas da Paraíba” foi o canto que levou todos àquele tempo de Margarida Maria Alves. Padre Hermínio e a advogada e o advogado que acompanharam o caso em seguida bem lembraram:
O principal acusado de mandante do crime, o fazendeiro José Buarque de Gusmão, conhecido como Zito Buarque, era o administrador da Usina Tanques. Já havia denúncias contra a usina, que acusavam o fazendeiro de abusar os trabalhadores e de não cumprir a legislação trabalhista. Apenas em 2001, Zito Buarque foi a julgamento. Ele foi absolvido por 5 votos a 2, pelo Tribunal de Justiça da Paraíba (TJPB). O caso ainda foi levado ao Supremo Tribunal de Justiça (STJ), que manteve, em novembro de 2002, a decisão do TJPB. O acusado de ser o executor do crime, José Betânio Carneiro, estava foragido à época do julgamento. O crime permanece impune e teve repercussão internacional.
Esse momento de espiritualidade e mística fez todos e todas lembrarem que Margarida Maria Alves, na luta, sempre vai estar PRESENTE!
Denis Venceslau – agente pastoral da CPT NE2, equipe Pajeú/Moxotó - PE
Do setor de comunicação da CPT NE 2