Convenção quer alternativa bolivariana para a América Latina
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No dia em que o Comandante Che Guevara completaria 78 anos de idade (14 de junho), teve início, no Recife, a XIV Conferência Nacional de Solidariedade a Cuba. O encontro organizado pela Associação Político-Cultural Brasil Cuba e pelo Comitê Pernambucano de Solidariedade a Cuba, acontece até o próximo sábado, dia 17, na Faculdade de Administração da Universidade de Pernambuco. A Convenção além de declarar solidariedade a Cuba, pretende discutir a identidade e a integração latino-americana e a construção da alternativa bolivariana. Outro tema que deverá nortear esta Convenção é o do fortalecimento da campanha contra a prisão dos cinco cubanos detido há oito anos nos Estados Unidos, acusados de espionagem.
A delegação cubana que participará do encontro contará com presenças ilustres como a da Aleida Guevara, médica cubana e filha de Che Guevara, Mirtha de La Santisima Trinidad, mãe de um dos cinco cubanos presos políticos dos Estados Unidos, Pedro Nuñes Mosqueira, Embaixador de Cuba no Brasil, Elíades Ignácio Matos, diretor da Biblioteca Nacional de Cuba e Carlos Tejo, Cônsul Geral de Cuba no Brasil e em São Paulo.
Na solenidade de abertura foram homenageadas/os com o Troféu Gregório Bezerra grandes militantes da luta socialista no Brasil, como Maria do Carmo Aquino, a Maria Cuba, que nos anos 60 foi, junto a Gregório Bezerra, dirigente das Ligas Camponesas no interior de Pernambuco, Zuleide Faria de Melo, presidente de honra do Partido Comunista Brasileiro e o Clube Bela Vista, que faz um trabalho de resgate da cultura cubana e latino-americana na periferia do Recife.
Também foram homenageadas as famílias do General Abreu e Lima, Gregório Bezerra e Miguel Arraes de Alencar. Na abertura do evento, diretor da Biblioteca Nacional de Cuba e chefe da delegação cubana, Elíades Ignácio Matos, relembrou a luta de militantes históricos que viveram no Brasil, como Carlos Prestes e Olga Benário, mas também fez referência a heróis desconhecidos das revoltas de Canudos e Farrapos, e enalteceu as lutas libertárias dos povos brasileiros.
O representante da Via Campesina, Alexandre Conceição, agradeceu a oportunidade que Cuba tem dado aos filhos de camponeses brasileiros de poder cursar uma universidade e se formarem médicos e educadores, de estudarem artes e cultura. Alexandre ainda reafirmou a importância de o socialismo ultrapassar as fronteiras de Cuba e de ser internacionalista. “O povo cubano tem nos ensinado a construir o socialismo,” concluiu o representante da Via.
Durante os próximos quatro dias o encontro estará dividido entre palestras, debates, grupos de discussão e lançamentos de livros. Os temas vão desde educação e soberania, os exemplos cubanos, à discussão sobre a identidade e a integração latino-americana. Em vários momentos também vai acontecer atos e manifestações de solidariedade a Cuba e aos cinco cubanos presos políticos dos Estados Unidos. A Convenção de Solidariedade a Cuba estará acontecendo na Faculdade de Administração da Universidade de Pernambuco, na Av. Abdias de Carvalho, no bairro do Benfica. A programação completa pode ser encontrada na página eletrônica do evento www.brascuba.org.br.
Delegação é homenageada pela Câmara Municipal do Recife
Antes mesmo da abertura oficial do evento, na manhã do dia 14, a delegação cubana recebeu uma homenagem prestada pela Câmara Municipal do Recife, que promoveu uma Sessão Solene de Solidariedade a Cuba e aos Cinco Heróis.
O presidente da casa, o Vereador Josenildo Sinésio (PT/PE), fez questão de não só declarar apóio a Cuba, como também de acusar o presidente americano, George W. Bush de ser o maior terrorista do mundo e enfatizou que ele deveria estar preso, e não os cinco cubanos. Sinésio ainda defendeu a soberania dos povos e relembrou a invasão do Iraque e do Afeganistão comandadas por Bush. “Os Estados Unidos têm a macabra herança de colonizador, deixada pela Inglaterra nos tempos da colonização. Nenhuma nação deve arbitrar contra a soberania de outra. Só o povo de um país tem o direito de lutar pela sua liberdade”, declarou Sinésio.
Ainda na Audiência Pública, Mirtha de La Santisima Trinidad, representando as cinco famílias dos presos políticos, fez uma fala emocionada em agradecimento à solidariedade dos organizadores e participantes da audiência. Mirtha ressaltou a fidelidade dos presos políticos à sua pátria e a revolução e, ao final, leu um poema intitulado “Inseparáveis” que fala sobre o elo de amor, fraternidade e responsabilidade que une os cinco presos.
A palavra final foi do Embaixador de Cuba no Brasil, Pedro Nuñes Mosqueira. O Embaixador fez questão de falar sobre as acusações, que ele intitulou de infundadas, de violações de direitos humanos em Cuba. Mosqueira lembrou que das milhares de crianças que passam fome, que morrem por descaso dos Governos ou que se prostituem, nenhuma é cubana. Ele ainda enfatizou que a prisão dos cubanos é política, que eles estavam nos Estados Unidos para combater o terrorismo, investigavam um grupo terrorista de extrema direita que atuava no sul da Flórida e era acusado de vários atentados contra Cubanos. “Os cinco jovens estão presos justamente por lutar conta o terrorismo e denunciar às autoridades estadunidenses. Como pode um país que diz lutar contra o terrorismo, promover o terrorismo de Estado?”, concluiu Mosqueira.