Artigo
“Nesse momento triste”, Francisco manda seu recado ao povo brasileiro. Ele sabe exatamente o que se passa. Suas palavras são para o povo, apenas para o povo. Elas foram dirigidas às duzentas pessoas que acompanhavam a colocação de uma imagem de Nossa Senhora Aparecida nos jardins do Vaticano:
(Por Roberto Malvezzi – Gogó)
“Convido-vos a rezar para todo o povo brasileiro, neste momento triste, para vigiar os pobres, os rejeitados, os abandonados, crianças, idosos, moradores de rua, para vigiar os descartados que estão nas mãos dos exploradores de todos os tipos, para salvar seu povo com justiça social e no amor de Jesus Cristo, seu Filho”.
O homem que lançou a Laudato Si é contra a sociedade escravizada pela técnica e dirigida para o mercado. Para Francisco tudo tem que ser dirigido para o bem das pessoas e de toda a comunidade da vida, incluindo as mais simples formas de vida existentes.
Ele é homem que propõe aos movimentos sociais do mundo inteiro o mínimo de ter “um teto, uma terra, um trabalho”. Já disse claramente que as mudanças que a humanidade precisa “só podem vir dos debaixo”. Portanto, não espera nada dos mercados, dos donos do mundo.
O argentino é, obviamente, um latino-americano. Os argentinos com os quais convivi por anos numa equipe de “Terra, Água e Meio Ambiente” do Conselho Episcopal Latino-americano (Monsenhor Lozano e Frei Eduardo Agosta), já contavam da vida desse homem, perambulando pelas periferias de Buenos Aires, visitando as “Villas”, formando padres para estar com essas populações mais excluídas.
Portanto, os usurpadores do poder do Brasil não precisam interpretar o que Francisco disse. A única dúvida é se ele está desistindo de vir ao Brasil no ano que vem – trezentos anos de N. S. Aparecida – em função do golpe instalado. Porém, o momento triste é do povo brasileiro. Os golpistas estão felizes, ao menos por hora, e se lixando para o Papa. Ao menos por hora.