Comissão Pastoral da Terra Nordeste II

Na manhã desta segunda-feira, dia 13 de julho, cerca de mil camponeses e camponesas, agentes pastorais e colaboradores, reunidos em plenária, deram início aos debates do IV Congresso Nacional da CPT, realizado em Porto Velho/RO, na Amazônia brasileira.

(Equipe de Comunicação João Zinclar - IV Congresso Nacional da CPT

Imagens: Joka Madruga)

O momento foi permeado por reflexões sobre os principais desafios da atual conjuntura para as populações do campo em todo o país.

"A questão da terra está de novo no centro da agenda política brasileira", enfatizou a pesquisadora Leonildes Medeiros, da CPDA/UFRRJ. A pesquisadora ressaltou que há um deslocamento em curso no debate sobre a terra no país. "Se nos anos 80 e 90 a pauta era prioritariamente a desapropriação e assentamento das famílias acampadas, hoje, o centro da disputa está na conquista dos direitos territoriais, que não se resolvem com a desapropriação e assentamento das famílias. Não estamos mais falando de um lugar somente de produção. Estamos falando de vida", enfatizou. 
Durante o debate, foram apontadas como as principais ameaças às populações camponesas, os grandes projetos de desenvolvimento em curso no país, aliado ao agronegócio e ao capital financeiro especulativo que, através do financiamento dos conglomerados internacionais, ditam a política territorial brasileira. As afirmações feitas durante a plenária evidenciaram que os avanços tem atingido diretamente os territórios ocupados tradicionalmente e refletem a opção do Estado Brasileiro em ignorar as demandas das populações camponesas.

"Os povos do campo são exilados em seu próprio país, em seu próprio território. Estão sendo conduzidos para o cativeiro", ressaltou Plácido Junior, geógrafo e agente da CPT Nordeste II, ao se referir à postura do Estado de submissão a lógica do capital. "É por isso que tantos conflitos ocorrem. De um lado há o projeto de vida se confrontando com o projeto de morte". 

O cacique Babau, do povo Tupinambá da Serra do Padeiro/BA apontou que muitos conflitos ocorrem em função de o Estado brasileiro não reconhecer as diversas territorialidades existentes no país. "Somos nós que compreendemos o que é melhor para o nosso povo, cada povo tem uma forma de gestão de seu território, tem sua forma de se organizar coletivamente", afirmou. 

"Não podemos ficar esperando do estado o reconhecimento de nossos direitos ou se contentar somente com políticas afirmativas. Resistíamos para não morrer. Mas hoje temos que enfrentar. Unir e lutar ou morrer". Assim convocou a Plenária Maria de Fátima, liderança quilombola do Tocantins. 

A programação do Congresso segue até o dia 17 de julho, sexta-feira.

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