Comissão Pastoral da Terra Nordeste II

Neste domingo (21), acontece o ato público de lançamento da Marcha da Reforma Agrária do Século XXI em Goiânia (GO). Milhares de pessoas sairão em marcha de Goiânia em direção a Brasília (DF) onde participarão do Grito dos Excluídos, no dia 7 de setembro. O percurso terá cerca de 250 km e deve durar em torno de 15 dias.

A marcha será composta por trabalhadores e trabalhadoras rurais e da cidade, intelectuais, estudantes, lideranças sindicais e parlamentares. A manifestação está sendo convocada pelo Movimento de Libertação dos Sem Terra (MLST), em parceria com entidades de luta pela terra: Comissão Pastoral da Terra (CPT), Federação Nacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura Familiar (Fetraf), Central Única dos Trabalhadores (CUT) e Central de Movimentos Populares (CMP).

O objetivo é chamar a atenção para a defesa de uma nova concepção de reforma agrária para o Brasil onde as Empresas Agrícolas Comunitárias figuram como alternativa econômica, social e cultural ao modelo de agricultura convencional desenvolvido pelo agronegócio, que tem como foco a degradação ambiental, a concentração de terras e o comércio de commodities com o uso intensivo de agrotóxicos.

De acordo com a coordenadora nacional do MLST, Vânia Araújo, “a reforma agrária no Brasil ainda é vista como uma política de compensação, e não como um projeto de desenvolvimento”. Por isso, se defende uma reconfiguração do debate sobre o tema no país, de forma a “garantir um projeto estruturador de desenvolvimento. E isso será alcançado quando a reforma agrária for finalmente entendida como um processo de inclusão social, com distribuição de terra e produção de alimentos”.

Com o lema “Aperte a mão de quem o alimenta!”, a Marcha da Reforma Agrária do Século XXI quer destacar a necessidade de dar mais peso ao Eixo da Inclusão Produtiva, o menos desenvolvido dos três pontos do Programa de Combate a Miséria do governo Dilma, ao estabelecer o papel da reforma agrária na superação da pobreza no país.

Um dos focos centrais da Marcha será a questão da produção de alimentos agroecológicos em oposição à produção de alimentos utilizando veneno – da forma como realiza a monocultura do agronegócio brasileiro.

Desde sua fundação o MLST coloca que, como diretriz política, o inimigo da reforma agrária não é mais o latifúndio improdutivo, senão o agronegócio. Isso é o que embasa, segundo Vânia, o conceito de reforma agrária do século XXI, porque abre um embate direto contra o modelo agrícola excludente que é promovido pelo agronegócio: monocultura, utilização de veneno, desemprego. “Já denunciamos isso há muito tempo, e outros movimentos, ao reconhecerem hoje, também, que o inimigo é o agronegócio, revelam que há uma correlação de forças no Brasil que unem os movimentos sociais do país sob a bandeira da denúncia da exclusão no campo brasileiro”, analisa.

Para o argumento de que é o agronegócio que traz riqueza para o país ao equilibrar a balança comercial, Vânia lembra que também é o agronegócio que exporta matéria-prima. “Não temos beneficiamento de grãos, não agregamos valor, não geramos emprego, não temos indústria. Isso gera situações como uma Alemanha com o título de maior exportador de café do mundo, sem sequer produzir café. Eles compram de vários países, especialmente do Brasil, e lá beneficiam e exportam para outros locais. O agronegócio não promove o desenvolvimento da nação do ponto de vista da indústria e da geração de emprego”.

Por isso, o mote principal do projeto de reforma agrária do século XXI do MLST são as Empresas Agrícolas Comunitárias, que é exatamente o planejamento da produção nos assentamentos de reforma agrária para permitir que haja o beneficiamento da produção agregando valor e gerando emprego e renda. No domingo (21), no lançamento da Marcha, haverá também a inauguração da Empresa Agrícola Comunitária de Lacticínios do assentamento Che Guevara, no município de Itaberaí, em Goiás.

“A agricultura familiar e o assentamento de reforma agrária não apenas cumprem um papel estratégico para o desenvolvimento do país, como também para a alimentação de qualidade para o mundo”, conclui a líder do MLST.

19/8/2011 ,Por Brasil de Fato

 

 

 

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