Livro Conflitos no Campo, lançado hoje pela Comissão Pastoral da Terra

Livro Conflitos no Campo, lançado hoje pela Comissão Pastoral da Terra na sede da CNBB, em Brasília, apresenta os dados sobre a violência e os conflitos agrários em todo o território nacional, traçando um panorama sobre a atual condição da luta pela terra no Brasil.

A CPT registrou 1.186 conflitos no ano de 2010, dos quais 440 ocorreram no nordeste, 397 na região norte, 100 no centro oeste, 184 na região sudeste e 65 na região sul do país. Entre as comunidades mais afetadas por conflitos em 2010, estão as quilombolas com 79 conflitos, incluindo um assassinato.

O nordeste deteve o maior número de conflitos por terra (369) seguido da região norte(258). Os estados do Maranhão (170), Bahia (72), Pernambuco (46) tiveram a maior ocorrência de conflitos por terra da região.

Embora o nordeste tenha concentrado o maior número de conflitos por terra , os Estados do Pará (125), São Paulo (63) e Minas Gerais (54), apresentam um número significativo de conflitos por terra.

Os conflitos trabalhistas, como mostra a tabela 1, se concentraram nas regiões norte, centro oeste e sudeste enquanto que os conflitos por Água ocorreram com mais freqüência nas regiões nordeste, norte e sudeste.

** Conflito em tempo de seca ocorrido no Ceará

Aumenta 30% número de Assassinatos

Em 2010 aumentou o numero de assassinato no campo em relação ao ano de 2009. Subiu de 26 para 34. Na região norte ocorreram 21 assassinato, só no estado do Pará foram 18. Além dos assassinatos 55 pessoas sofreram tentativas de assassinato e 125 ameaças de morte, 4 foram torturadas , 88 presas e 90 agredidas.

Região Nordeste lidera as Manifestações

O nordeste lidera o número de manifestações com 245 das 650 (tabela 2) realizadas. Os Estados de Alagoas (57), Bahia (48) e Pernambuco (38) lideram a lista. Os Estados do Rio Grande do Sul (48), Minas Gerais (47) e São Paulo (41) também lideram as manifestações em suas regiões. As mobilizações reivindicavam reforma agrária, regularização de terras, política agrícola, defendiam a soberania alimentar, os direitos humanos e o meio ambiente . Foram realizados atos contra a privatização da água e a construção de barragens, a impunidade e a violência no campo. Os atos culminaram em ocupação de prédios públicos, acampamentos, paradas de estradas e ferrovias, passeatas e caminhadas.

Conflito no Campo – Tabela 2

A CPT tem consciência que os dados que registrados não representam  todos os conflitos ocorridos neste imenso Brasil. As centenas de  pessoas ligadas à CPT espalhadas pelo Brasil consideram que o lançamento do livro representa um momento importante na luta pela terra e pelos direitos humanos no Brasil. A sociedade precisa saber o que está acontecendo com as populações injustiçadas  do campo. O latifúndio precisa ser punido e  o Poder judiciário precisa estar a altura do povo brasileiro. O Estado Brasileiro precisa ser presente no campo. Onde  tem conflito de terra, tem vida e resistência das comunidades  camponesas, resistência  ao modelo neo-feudal,de agricultura dominante no Brasil.

O Livro Conflitos no Campo Brasil 2010

A publicação, que está na sua 26ª. Edição e faz anualmente uma análise dos conflitos e dos fatos que marcaram a luta pela terra, pela vida e a preservação do meio ambiente no Brasil. O livro é dividido em seis temáticas, Conflitos por terra, Conflitos por água, Conflitos trabalhistas, Conflitos em tempo de seca, Violência contra a pessoa e a posse. Estão disponíveis também na publicação notas e documentos publicados pela CPT durante todo o ano passado. Cada um dos temas tratados pelo livro traz um artigo que faz a leitura geral dos temas e é complementado por tabelas que fazem as análises comparativas com os anos anteriores. A publicação tem 182 páginas.

 Clique aqui e acesse o relatório 2010 na íntegra.

Setor de Comunicação CPT Nordeste

19 de abril de 2011.