A luta e resistência de uma trabalhadora rural contra as atrocidades cometidas pelo avanço do monocultivo da cana de açúcar na região da zona da mata Pernambucana. Essa foi a história que inspirou o documentário “Acercadacana”, que ganhou nesta última terça-feira, dia 30, o prêmio Candango de melhor filme e melhor montagem, na categoria de curtas-metragens de 35mm, no 43. Festival de Brasília do Cinema Brasileiro.
Produzido pelo Coletivo Asterisco, com direção de Felipe Peres Calheiros, o documentário começou a ser gravado ainda em 2008, a partir do contato com a Comissão Pastoral da Terra (CPT/PE) e conta parte da história de Maria Francisca, trabalhadora rural que resiste às investidas do grupo empresarial Petribu, sob o pano de fundo do monocultivo da cana de açúcar. A trabalhadora há mais de 10 anos luta na Justiça de Pernambuco para ver reconhecida a sua popriedade sobre o sítio que nasceu e se criou, por meio de usucapião. Maria conseguiu vencer na primeira instância, quando a Justiça de São Lourenço da Mata reconheceu seu direito sobre as terras. Atualmente o processo encontra-se no Tribunal de Justiça de Pernambuco, na Relatoria do Desembargador Eurico de Barros, à espera de julgamento.Maria Francisca é a única remanescente de uma comunidade de mais de 300 famílias que foi sendo expulsas da Zona Rural do Município de São Lourenço da Mata, após a aquisiçaõ da Usina Tiúma pela Usina São José e Usina Petribu. Consequencia da sua forte ligação com o lugar, Maria não mediu esforços em buscar seus direitos, contando com o apoio da Comissão Pastoral da Terra e do Ministério Público de Pernambuco.
Além de denunciar os crimes que atentam contra os direitos humanos, a exibição do documentário possibilitou que o debate sobre a questão agrária e a luta pelo limite da propriedade da terra fossem discutidos e colocados no centro do debate durante o festival.
SINOPSE: Nos anos 90, com a valorização do etanol e a expansão do latifúndio canavieiro, 15 mil famílias foram expulsas dos seus sítios na zona da mata de Pernambuco. Maria Francisca decidiu resistir.
Outras informações:
Comissão Pastoral da Terra:
Fone: (81) 3231.4445/ 9663.2716
Setor de comunicação da CPT NE II