Comissão Pastoral da Terra Nordeste II

De Enlazando Alternativas

A Rede Social de Justiça e Direitos Humanos e a Comissão Pastoral da Terra (CPT) acusarão a transnacional francesa Louis Dreyfus, no Tribunal Permanente dos Povos (TPP), que acontece em 14 e 15 de maio, em Madrid.

As duas entidades acusam a empresa de ser responsável por impactos ambientais e sociais, como o trabalho precarizado, destruição de ecossistemas e ameaças a comunidades indígenas, com a expansão da monocultura da cana-de-açúcar.

Tudo isso ocorre no Brasil, onde a empresa começou a atuar adquirindo engenhos nos estados de São Paulo e Minas Gerais no ano de 2005. Depois, se expandiu para o Centro-Oeste do país, no Cerrado, um ecossistema que abastece as principais bacias hidrográficas do país, e que contém uma fauna e flora altamente diversas.

No total, a Dreyfus possui 50 mil hectares de plantios de cana. Em outubro de 2009, a empresa se fundiu com outras empresas criando o grupo LDC-SEV Bioenergia, que se transformou no segundo maior produtor mundial de açúcar e etanol. Seu objetivo é produzir quarenta milhões de toneladas de cana anuais.

As famílias Biaggi e Junqueira, o Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES) e o banco Goldman Sachs têm ações dessa grande empresa.

O avanço nas terras para o monocultura de cana coincide com o aumento da violência contra o povo originário Guarani Kaiowá, um dos povos indígenas mais numerosos do Brasil, composto por 47 mil pessoas que vivem, sem os direitos territoriais, em uma área de aproximadamente 20 mil hectares.

Segundo o Conselho Indigenista Missionário (Cimi), por causa da expansão do monocultura de cana, os habitantes originários vivem em uma situação extremamente precária; a falta de terra gera sérios problemas sociais como morte de crianças por desnutrição, suicídios (principalmente de jovens) e alcoolismo.

Além disso, foram registrados pelo menos quatro casos de assassinatos de indígenas nos engenhos, assim como trabalho escravo nas tarefas de corte da cana. Como exemplo dos impactos socioambientais, as organizações apontam a fazenda de Antônio Luciano, onde a monocultura de cana tem como destino a produção de etanol.

Ali foi desviado o curso do rio São Francisco para facilitar o transporte da produção, sem a realização de estudos ambientais ou técnicos prévios.

A monocultura de cana substituiu áreas de agricultura e gado, além de destruir reservas florestais e a denominada floresta de galeria.

Para fazer as plantações, as empresas queimam as florestas nativas, decepando e enterrando árvores. Tudo isto é realizado de forma clandestina. Por estes motivos é que se levará à empresa ao banco dos acusados, do TPP.

Tradução – Dafne Melo

 

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