Comissão Pastoral da Terra Nordeste II

O acampamento Flor do Bosque II possui 120 hectares, distante 15 km da cidade de Messias na zona da mata, é acompanhado pela Comissão Pastoral da Terra e é apontado como uma referência no Estado de Alagoas. Atualmente, existem 17 famílias camponesas que vivem há quase três anos trabalhando nas terras abandonadas da usina falida Bititinga, que hoje encontra-se explorada pela Usina Santa Clotilde. Neste momento, o Juiz da Vara Agrária, Ayrton Tenório quer a reintegração de posse nos próximos quinze dias. As famílias camponesas estão acampadas há quase três anos no Acampamento Flor do Bosque II, possuem uma produção diversificada e já moram em casas de alvenaria com energia elétrica

A Fazenda Flor do Bosque foi adquirida pelo Estado em 2007, na escritura original a propriedade possui 940 hectares, mas apenas 350 hectares foram repassados aos camponeses. As famílias ainda reivindicam seus direitos e confessam que irão resistir porque não possuem alternativas de sobrevivência. No local já possui casas de alvenaria com energia elétrica, as famílias foram distribuídas em lotes de cinco hectares e desde o ano passado existe uma associação que busca melhorar a infra-estrutura e intensificar os cuidados com o meio ambiente, inclusive, conseguiram junto à Prefeitura o transporte para levar as crianças até a escola.

De acordo com o acampado Aloísio Ferreira, a última safra da Usina Bititinga ocorreu em 1995, depois parou de funcionar e vários funcionários ficaram prejudicados. “Para a gente que vive da terra tem que ter de tudo, fruta e verduras, senão a gente não sobrevive. Sou filho desta área, trabalhei na usina e quando ela faliu a gente não recebeu nenhum benefício trabalhista. Muitas famílias foram vítimas, ficaram sem casas e estão passando necessidades, mas poucas pessoas tiveram coragem de lutar pela terra e ter as mãos calejadas como a gente”, exaltou.

A maior parte dos alimentos produzidos serve para o consumo próprio, e o excedente da colheita é vendido nas feiras livres e atraem muitos atravessadores. A produção é diversificada com: feijão, feijão de corda, mandioca, milho, abóbora, batata, vários tipos de pimenta, cana caiana, frutas (maracujá, melancia, banana, caju, manga e laranja), hortaliças (tomate, cebola, coentro, pimentão e machiche) e uma pequena criação de animais (cavalo, ovelha e galinha).

Trata-se de umas das áreas mais preparadas e com vários requisitos para ser transformada em assentamento, inclusive, na abertura da 21ª Assembleia Estadual da CPT foi conferido o certificado de exemplo de Organização. “Todos os acampados e acampadas receberam essa homenagem com muita alegria, porque é um reconhecimento do nosso trabalho, uma atenção especial e isso nos dar motivação para melhorar ainda mais. Mas, agora existe essa possibilidade da gente sair daqui e é muito revoltante! Não é possível, saber que a Vara Agrária deveria ter a obrigação de defender a gente, mas na verdade prefere dar as terras para a Usina, às pessoas que já têm muito”, declarou José Ismael da Silva, presidente da associação implantada no acampamento.

 

Audiência

 

Nesta quinta-feira (29.04) terá uma reunião às 11h, na sede da Vara Agrária localizada na Rua Alcino Salgado, 13, Centro. Maceió-AL (ao lado do Riacho Salgadinho). Foram convocados: a CPT-AL, representantes dos trabalhadores rurais, o Gerenciamento de Crises da PM e integrantes do Incra para discutir a realidade das famílias e a reintegração de posse.

“A CPT acredita que o Governo do Estado irá intervir porque é uma área que vem sendo utilizada há três anos e apesar de ser um acampamento tem um nível de organização e produção que impressiona. Precisamos evitar que essas famílias sejam largadas a própria sorte, para aumentar ainda mais a miserabilidade social e a fome", afirmou Carlos Lima, historiador e coordenador estadual.

 

 

Mais informações: (82) 9127-2364 / 9126-1532 / 9127-5773

 

 

Comissão Pastoral da Terra Nordeste II

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