As Comunidades de Fundos de Pastos da área conhecida como Areia Grande, compostas por 366 famílias, vinham sendo sistematicamente ameaçadas de expulsão do território que ocupam imemorialmente em razão da grilagem de terras, iniciada na década de 80 pela empresa Camaragibe, envolvida no conhecido “Escândalo da mandioca”. As terras griladas foram ilegalmente repassadas para especuladores que, atualmente, buscavam ratificar a prática irregular com uma Ação de Imissão de Posse.
A sentença que favoreceu os grileiros foi utilizada como justificativa para a ação da polícia e de milícias armadas que ameaçaram e violentaram as famílias de fundos de pastos, resultando em grave conflito agrário. Somente após as mobilizações realizadas, o Estado passou a intervir no conflito, para discriminar as terras públicas e regularizar a ocupação tradicional dos fundos de pastos.
Com a suspensão do Mandado de Imissão, as 366 famílias têm reconhecido o direito de permanecer na área em que habitam e produzem, garantindo o preenchimento de direitos fundamentais como moradia, segurança alimentar e trabalho.
A última decisão judicial, na ação discriminatória, aponta para uma perspectiva de resolução do conflito agrário que reconhece o direito das comunidades de fundos de pastos de permanecerem no território centenariamente ocupado, assim como para a obrigação do Estado, incluindo o Poder Judiciário, de discriminar, arrecadar e distribuir as terras públicas devolutas do Estado, para regularização dos territórios de comunidades tradicionais ou para reforma agrária.
Fonte: CPT