Comissão Pastoral da Terra Nordeste II

Uma comissão formada por posseiros e advogados da Comissão Pastoral da Terra (CPT) procurou o superintendente do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) na Paraíba, Frei Anastácio, para denunciar ameaças feitas por capangas armados contra as famílias da fazenda Qurino-Olindina, em Juarez Távora. A CPT quer segurança para as 27 famílias que vivem na área – algumas há mais de 20 anos. A fazenda Quirino-Olindina, foi desapropriada pelo Incra-PB há cerca de 10 anos, mas a desapropriação foi contestada pelo proprietário e o processo está na justiça.

De acordo com Tânia Maria de Sousa, da coordenação da CPT, os posseiros têm recebido constantes intimidações e ameaças de morte.

“Todos estão com medo. Agora muitas crianças só conseguem dormir no quarto dos pais”, contou.

O superintendente do Incra na Paraíba, Frei Anastácio, afirmou que o clima de insegurança que se instalou na fazenda Quirino-Olindina não é um caso isolado.

“A violência na zona rural da Paraíba vem crescendo muito nos últimos anos. Em algumas áreas os trabalhadores estão montando patrulhas noturnas para garantir a segurança das famílias”, afirmou. Mas, o caso da fazenda Qurino-Olindina é um dos mais graves.

“Estamos aguardando a vinda do ouvidor agrário nacional à Paraíba, nos próximos dias, para tratarmos da violência tanto em Quirino quanto nos outros assentamentos, junto às autoridades do estado”, informou Frei Anastácio.

Violência física - A fazenda já tem histórico de violência. No final da noite do dia 9 de dezembro de 2007 a família do posseiro José Luiz da Silva, que mora na fazenda Quirino-Olindina, foi espancada após ter a casa invadida por cerca de nove homens armados, três deles encapuzados e alguns com roupas camufladas e botas.

Numa ação sincronizada, eles arrombaram portas e janelas e invadiram a casa do posseiro, que estava com a esposa e três filhos menores. Todos foram espancados, inclusive a filha caçula do casal, de três anos. A mãe e a filha de 10 anos sofreram tentativa de estupro. Na ocasião, os agressores desistiram de estuprar a mãe porque ela estava menstruada, mas chegaram a introduzir um tubo em sua vagina na frente do restante da família.

Todos os objetos da casa foram quebrados (mesa, cadeiras, geladeira, fogão, o pote de água) e os agressores levaram objetos de valor (uma TV, um DVD, um aparelho de som, uma motocicleta e R$ 700).

Após a agressão, agricultores de Projetos de Assentamento e comunidades vizinhas se revezaram para garantir a segurança das 27 famílias de posseiros da Quirino-Olindina.

“Não foi a primeira vez. Há 10 anos somos ameaçados, vivemos com medo”, desabafou o posseiro José Luiz da Silva.

Quatro agressores já teriam sido reconhecidos pelas vítimas e por testemunhas. O caso está sendo acompanhado pelo Incra-PB e pela Comissão Pastoral da Terra (CPT).

Fonte: Assessoria de Imprensa do Incra-PB

 

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