Comissão Pastoral da Terra Nordeste II

Segundo o Inpe, Mato Grosso ainda é o Estado líder de devastação, com 646,9 km2, apesar de número ter caído 19%.
Total desmatado no período, porém, cresceu; de agosto de 2006 a julho de 2007, foram 4.974 km2 e, de agosto de 2007 até maio, 6.945 km2


FÁBIO AMATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

O ritmo do desmatamento na Amazônia sofreu uma ligeira redução no mês de maio, apontam dados divulgados ontem pelo Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) com base no sistema Deter (detecção em tempo real). Foram devastados 1.096 km2 de floresta em maio, área um pouco menor do que a da cidade do Rio de Janeiro (1.182 km2). Em abril, foram 1.123 km2.
Apesar disso, o total desmatado no atual período de observação já é maior do que o verificado no anterior. Esse período de observação feito pelo Inpe vai de agosto de um ano até julho do seguinte. Entre agosto de 2006 e julho de 2007, a Amazônia perdeu 4.974 km2 de floresta. De agosto do ano passado até maio, foram 6.945 km2. E ainda faltam somar os dados de junho e julho.
O diretor do Inpe, Gilberto Câmara, classificou de "animador" o resultado de maio. Destacou que houve queda no período em que a Amazônia Legal ficou coberta por nuvens (46% em maio contra 53% em abril).
Com a melhor observação da região, a informação de que houve redução no ritmo de devastação é mais confiável.
O Estado campeão de desmatamento foi mais uma vez Mato Grosso, com 646,9 km2. O número, porém, é 19% inferior ao registrado no Estado em abril (794,1 km2).
No Pará, o desmatamento identificado subiu de 1,3 km2 em abril para 262 km2 em maio, mas isso se deve a uma redução na cobertura de nuvens sobre o Estado (89% em abril contra 59% em maio).
Para Câmara, o resultado pode ser atribuído a "vários fatores", entre eles uma "ação forte" do governo federal na repressão ao desmatamento ilegal na Amazônia. Sobre a liderança de MT no ranking, ele disse que é preciso aguardar os dados dos próximos dois meses, já que algumas regiões do Pará, o segundo no ranking, não puderam ser observadas.
O secretário de Meio Ambiente de Mato Grosso, Luís Henrique Chaves Daldegan, comemorou a redução do desmatamento verificada. "Para nós, é um número para ser observado. Mas vamos continuar nosso trabalho de fiscalização."
Ele minimizou a permanência do Estado na liderança do desmatamento em maio e também apontou a cobertura de nuvens maior em outros Estados. "No contexto global, que é o importante, o desmatamento ilegal em Mato Grosso vem diminuindo", disse ele.

 

Ministro revê estimativa sobre devastação

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O anúncio dos dados de desmatamento de maio fez o ministro Carlos Minc (Meio Ambiente) rever a projeção de devastação da Amazônia durante o ano para 13 mil quilômetros quadrados. A área é 16% maior do que a desmatada no ano passado e equivale a mais de oito vezes o tamanho da cidade de São Paulo.
A taxa englobará os dados de junho e julho e será divulgada no segundo semestre. "Estamos um pouco menos pessimistas", afirmou Minc ontem. O ministro acreditava que o desflorestamento em 2008 alcançaria 14 mil km2, após três anos consecutivos de declínio nas taxas.
A revisão levou em conta a ligeira queda do desmatamento entre abril e maio e a informação de que menos de 60% (59,5%) do índice se refere a corte raso de árvores. Minc não quis comentar os 11,7% de erro nas imagens de satélites do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) em maio.
Segundo o ministro, os números de maio não são motivo para comemoração. "Não ficaremos satisfeitos enquanto [o desmatamento] não cair radicalmente", afirmou.
Minc relatou pressões políticas contra as operações do governo de combate ao desmatamento. "Não há um dia em que não haja pressão, ainda mais agora, que é época de eleição", disse. Sem apontar quem mais pressiona, o ministro atribuiu as pressões genericamente a "áreas políticas": "pedem para pegar mais leve, pedem uma trégua", completou.
(MARTA SALOMON)



Folha de S. Paulo, 16/05/07.

 

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