Comissão Pastoral da Terra Nordeste II

Militantes de todo o RN fizeram mobilização em frente à sede do Incra, em Petrópolis, hoje Com a chegada das chuvas, moradores de assentamentos de todo o estado temem o desabamento de suas casas e cobram a liberação de recursos para a reforma de moradias, que, segundo os representantes do Movimento de Libertação dos Sem-Terras (MLST), estão disponíveis na conta da Associação dos Pequenos Produtores Rurais (APPR) desde o dia 10 de janeiro desse ano e não foram liberados pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).

• Allan Darlyson Na tentativa de pressionar o Incra a liberar esses recursos, o MLST organizou um movimento que reúne moradores de assentamentos de todo o estado, principalmente da região metropolitana, que, desde ontem, estão protestando em passeatas pela cidade e hoje se concentraram em frente à sede do Incra, em Petrópolis. Os militantes cobravam uma reunião com a superintendência do órgão e não admitiam ser atendidos por outro funcionário. A perspectiva é que o movimento sustente-se até que o Incra ouça os manifestantes, o que não tinha ocorrido nesta manhã.

O coordenador estadual do MLST, Francisco das Chagas, informou que as principais reivindicações do grupo são com relação às reformas das casas, mas existe uma série de fatores que os levam a protestarem contra as atitudes do Incra. "Nosso povo precisa de saneamento, água, estrada, fomento, o mínimo de infra-estrutura para viver, mas o Incra nos vê como inferiores e não toma nenhuma providência para ajudar", declarou o líder do movimento.

Francisco ainda denuncia que os funcionários do Incra tentaram impedir o movimento durante conversas realizadas antes do protesto. "Eles estão se escondendo, antes queriam conversar, mas, agora que estamos em massa, eles fogem", desconfia o líder do movimento. Ele também revela que os manifestantes não aceitam negociar com o superintendente adjunto e exigem a presença de Paulo Sidney, superintendente do Incra, na reunião. O problema é que Paulo encontra-se em Brasília e só poderá fazer qualquer tipo de declaração por telefone.

Um dos representantes do movimento é o agricultor Ailton Pereira de Sousa, 36 anos, que é líder do assentamento Lagoa de Baixo de Guamaré e sente-se prejudicado com a forma como o Incra trata os problemas com produtores rurais. Segundo ele, as casas estão caindo em cima dos moradores em seu assentamento e com a época de chuvas o problema agrava-se a cada dia. "Há mais de um ano nossas casas não oferecem condições de moradia, foram construídas com péssimas condições. Em média, 47 famílias estão correndo risco de vida lá em Guamaré", denunciou.

O representante comenta que uma funcionária do Incra vem ameaçando os assentados freqüentemente. "A funcionária Vera Zugma tem feito ameaças ao nosso povo. Ela diz que se continuarmos buscando a liberação dos recursos, ou seja, lutando por nossos direitos, cortará todas as verbas da nossa comunidade", denunciou.

Data:03/04/08, Correio da Tarde, Natal,RN

 

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