Comissão Pastoral da Terra Nordeste II

Várias entidades de Direitos Humanos e de luta pela Reforma Agrária fizeram um documento denunciando às autoridades e à sociedade em geram a ação de nove (9) jagunços que encapuzados e fortemente armados invadiram o acampamento dos trabalhadores rurais na falida empresa Agroindustrial Camaragibe, na cidade de casa Nova, Bahia. Leia a nota completa.

Comunicado às autoridades e à sociedade em geral

Nove (9) jagunços encapuzados e fortemente armados com pistolas e armas de alto calibre e de longo alcance invadiram o acampamento dos trabalhadores/as rurais na falida empresa Agroindustrial Camaragibe S.A. e dispararam vários tiros em direção aos mesmos que estavam defendendo a posse de suas terras. Além disso, fizeram ameaças e agrediram fisicamente diversas pessoas, principalmente mulheres e crianças, sendo que algumas chegaram a ser queimadas com tições de fogo.

O mais absurdo foi transformar quatro crianças em reféns, usando-as como escudo humano para coibir possíveis reações dos trabalhadores/as. A violência continuou com espancamentos e quebra da câmera fotográfica de uma cooperante alemã, ligada a uma ONG da região. A agressão contra a defensora de direitos humanos se deu por conta da mesma ter registrado o momento em que os jagunços apontavam armas na cabeça de trabalhadores/as. O absurdo continuou com queima de barracos e a expulsão dos trabalhadores/as da área.

Estes fatos aconteceram por volta das 17:30hs do dia 17 de Março de 2008, numa área de uso comunitário que serve a 4 comunidades que praticam o costume do fundo de pasto (na área há vários roçados, cerca de 15 mil caprinos e ovinos e 3 mil caixas de abelha), nas proximidades do Lago do Sobradinho, a 60 km da cidade de Casa Nova/BA, que havia sido retomada por seus legítimos e centenários ocupantes, surpreendidos com atos ilegais e abusos que resultaram em esbulho possessório e crimes de dano, com a presença de Oficial de Justiça e policiais militares da região.

Depois de algumas horas do ocorrido, chegou ao local policias militares para somente “restabelecerem a ordem”, fato que estranhamente não intimidou a ação dos jagunços que continuaram encapuzados e conversando tranquilamente com a polícia, de armas na mão, sentindo-se os donos da lei. Tal situação continuou até a saída dos trabalhadores/as na amanhã do dia seguinte.

Diante do exposto, exigimos providências imediatas no sentido do desarmamento e retirada da milícia “encapuzada” das terras de uso comunitário das mais de 300 famílias que há cerca de duas semanas vivem em estado de terror e violência, bem como os devidos encaminhamentos administrativos para solucionar, de modo definitivo, os impasses relativos à garantia de permanência das famílias de trabalhadores/as rurais na localidade, tal como ocorre há mais de cem anos.

União das Associações de Fundo de Pasto de Casa Nova - UNASP

Comissão Pastoral da Terra – CPT

Articulação Estadual de Fundo de Pasto

Articulação Sindical da Borda do Lago de Sobradinho - ASS

APLB Sindicato Casa Nova

Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Casa Nova

Paróquia de Casa Nova

Paróquia de Sobradinho

Paróquia de Remanso S

INTAGRO Bahia

ASA Regional

Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra

Movimento dos Atingidos por barragens – MAB

Movimento dos Pequenos Agricultores - MPA

Instituto Regional da Pequena Agropecuária Apropriada - IRPAA

Associação de Moto Taxistas de Casa Nova

Sindicato dos Servidores Públicos do Município de Casa Nova

Partido dos Trabalhadores de Casa Nova

 

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