Comissão Pastoral da Terra Nordeste II

IPA pretendia comprar 1.065 toneladas de sementes de feijão para fazer distribuição, mas com o preço elevado, produtores venderam grãos no mercado. O aumento no preço do feijão não prejudicou apenas o orçamento doméstico da família brasileira. A inflação do grão influenciou negativamente também a distribuição anual de sementes realizada pela Empresa Pernambucana de Pesquisa Agropecuária (IPA).

A princípio, o órgão esperava adquirir junto aos agricultores familiares conveniados 1.065 toneladas de sementes de feijão, pagando R$ 120 pela saca de 60 quilos. Porém, com a valorização do produto – a saca subiu para R$ 240 –, os agricultores quebraram o compromisso firmado com o IPA e venderam grande parte da produção diretamente para o mercado.

Em virtude disso, a empresa só pôde comprar 295 toneladas de sementes de feijão para 2008, montante que corresponde a menos de 30% da quantidade inicial. “A nossa previsão era distribuir 2 mil toneladas de sementes de milho, feijão, sorgo, arroz e algodão em 2008, quase 50% mais do que em 2007, quando distribuímos 1.090 toneladas. Mas com esse problema com o feijão, só iremos entregar 1.572 toneladas, uma redução de cerca de 25%”, explica o diretor de assistência técnica e extensão rural do IPA, Ruy Carlos do Rêgo Barros.

Em função de uma forte estiagem no Centro-Sul, responsável por grande parte da produção do feijão, o produto sofreu aumentos sucessivos de preço no final de 2007. No Recife, de acordo com a pesquisa de preço da cesta básica realizada pelo Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Sócio-Econômicos (Dieese), o quilo do feijão aumentou em 151,40% ao longo de 2007, passando de R$ 2,27 para R$ 5,72. A tendência é que o preço continue em alta, pois a estiagem também provocou um atraso na chamada terceira safra, que geralmente tem início em dezembro e segue até fevereiro, mas que ainda não começou.

Ao todo, o IPA irá distribuir 355 toneladas de semente de feijão de corda e 410 do tipo carioca, sendo que 175 toneladas do primeiro e 120 do segundo serão adquiridos dos agricultores familiares conveniados. “O restante será comprado por licitação, que será lançada ainda esta semana”, confirmou Rêgo Barros. Ainda serão distribuídas 485 toneladas de milho, 97 toneladas de sorgo granífero, 145 de sorgo forrageiro, 10 toneladas de arroz e 70 de algodão.

Os escritórios regionais localizados no Sertão do Estado já estão com algumas sementes, em especial de milho e feijão, e aguardam o início das chuvas, previstas para o final de janeiro, para começarem a distribuição. O IPA ainda espera as 100 toneladas de sementes de algodão herbáceo produzidas pela Embrapa e que serão entregues para agricultores familiares do Estado a fim de disponibilizar uma nova alternativa de oleaginosa com fins bioenergéticos para cultivo dos pequenos produtores pernambucanos.

Jornaldo Commercio, Recife, 20/01/08.

 

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