Comissão Pastoral da Terra Nordeste II

O clima social continua tenso na Fazenda Quirino. A situação é grave e está precisando que providências enérgicas sejam tomadas por parte das autoridades, do governo do estado, polícias militar e civil. No dia 09 de dezembro de 2007, o agricultor José Luiz e sua família foram espancados, ameaçados de morte e tiveram os pertences da casa arrebentados, além de terem sido roubados alguns objetos eletrônicos. A esposa de José Luiz, dona Silvinha sofreu abuso sexual, na presença dos filhos de menor idade. O senhor José Luiz é líder respeitado entre os agricultores posseiros da Fazenda Quirino.

O ato de bandidagem foi praticado por capangas do proprietário da terra, inclusive monitorados por um policial civil.

Depois do acontecido, a situação continua em clima de tensão, de ameaças, amedrontamentos. Terça-feira, 01 de janeiro de 2008, dia de Ano Novo, Antônio, que é posseiro da Fazenda Quirino, foi espancado à noite, quando voltava de uma visita aos familiares do senhor José Luiz e dona Silvinha. Ao passar na área do proprietário, Antônio foi abordado por dois capangas, que o fizeram parar e o espancaram. Em seguida, liberaram, mas ameaçaram fazer tudo de novo. Antônio voltou à casa de José Luiz e Silvinha a quem relatou sobre o acontecido. A polícia foi acionada e, dentro de meia hora, conduziu Antônio até a delegacia de Alagoa Grande para prestar queixa. Não houve exame de corpo delito, não havia médico legista, não houve ação de busca dos agressores. A polícia deixou Antônio na entrada da fazenda e recomendou que fosse para casa.

Ainda quando a polícia estava na casa de José Luiz, Edissandra, filha de José Luiz, recebeu ligação no celular. Eram os capangas. Ela imediatamente passou o fone para um dos policiais, mas os bandidos desligaram. Dentro de poucos minutos, ligaram novamente, perguntando se o celular era de Bil Pequeno e se a pessoa que atendeu era a esposa de Bil Pequeno. O bandido então ameaçou dizendo que Bil Pequeno e a família dele seriam as próximas vítimas, inclusive ameaçaram fazer pior do que fizeram com a família de José Luiz, ameaçaram puxar a língua de Bil Pequeno e cortar.

É esse o ambiente social e emocional na Fazenda Quirino. É ambiente e clima de barbárie. Ontem, um trator cheio de capangas passou rondando, os capangas observavam o movimento nas proximidades da moradia da família de José Luiz. Eles estão amendrontando a todos através de ligações celulares e com atitudes suspeitas, com o vai e vem pela estrada e na sede da fazenda. Os agricultores estão todos amedrontados, mas estão firmes na luta e no propósito de continuar na terra.

Até quando vai permanecer esse impasse, até quando vai durar essa situação de insegurança? As autoridades precisam dar uma resposta firme.

No dia 09 de janeiro, completa um mês que a família do agricultor José Luiz foi violentada pelos capangas a serviço do latifúndio na fazenda Quirino. Entidades e pessoas solidárias estão articulando um evento público nesse dia 09, para que os acontecimentos da Fazenda Quirino não caiam no esquecimento. O crime não pode ser esquecido, o crime deve ser punido. A Fazenda Quirino é dos agricultores que nela vivem e trabalham.

FRENTE DE SOLIDARIEDADE AOS POSSEIROS DA FAZENDA QUIRINO

João Pessoa, 03 de janeiro de 2008.

 

Comissão Pastoral da Terra Nordeste II

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