“Hoje estamos acuados a mercê da morte não sabemos mais para quem pedir socorro e porque ninguém está preocupado em resolver nossa situação, pois após a operação que o policial federal fez nas fazendas, tudo parece estar ainda mais pavoroso e assustador porque os pistoleiros não mais dão tiro por cima, mais sim na direção das crianças que vem para a escola, e pó pior é que hoje a única mina(fonte de água) que se encontrava limpo e perto do acampamento que abastecia as casas encontra-se envenenado e muitos indígenas, homens, mulheres e crianças que moram perto dessa mina estão hospitalizados em grave estado”
NÃO AGUENTAMOS MAIS
Esse grito de socorro feito pela comunidade de Ñanderu Marangatu em documento (em anexo) dirigido à ONU, Anistia Internacional e a todas as
pessoas que no Brasil e no mundo estiverem sensíveis à luta dessa comunidade Kaiowá Guarani.
No documento fazem um histórico de seu sofrimento com a perda de várias pessoas de sua comunidade nos últimos anos. Em conseqüência das denúncias houve uma operação da polícia federal nas fazendas dentro da terra indígena. Na ocasião foram apreendidas várias armas, inclusive algumas de uso exclusivo das forças armadas.
Pedimos a quem estiver lendo essa pequena escritura se por acaso ouvir ou ver nos noticiários que índios foram mortos por tiros ou atropelamentos, que pode dizer que somos nós. Estamos sendo quase extintos pelos donos dos bois e dos grãos...Pedimos apoio a todas as pessoas que tem amor ao próximo de nos ajudar no sentido de enviar mensagens em favor do povo Guarani Kaiowá para que o processo de nossa terra seja julgado ainda neste ano e segurança para nossos filhos...Pedimos isso porque somente queremos um pedacinho de terra viver, morar e criar nossos filhos...”
A solidariedade de perto e de longe
Neste documento denúncia a comunidade indígena Ñanderu Marangatu uma vez mais pede medidas urgentes à justiça, aos órgãos governamentais e a todas as pessoas e instancias nacionais e internacionais. Já há algumas semanas a Anistia Internacional tem lançado uma Campanha de Solidariedade aos Kaiowá Guarani de Ñanderu Marangatu. Dezenas de cartas chegam diariamente às autoridades, de todas as partes do mundo, com copias para a comunidade.
Os movimentos sociais do Mato Grosso do Sul também estão buscando as melhores formas de apoiar a luta e os direitos desse comunidade, como já o tem feito em vários momentos mais difíceis da luta. Também as instâncias de organização e articulação do povo Kaiowá Guarani estão fazendo chegar seu apoio e solidariedade à comunidade. Estes fatos são parte de um quadro extremamente preocupante de violência e exploração desse povo, do qual lembramos os quatro feridos recentemente em Kurusu Ambá e o 830 indígenas que estavam em situação de semi escravidão numa usina no município de Brasilancdia.
Cimi MS
23 de novembro de 2007
Egon Dionisio Heck