Comissão Pastoral da Terra Nordeste II

Abril é mês de intensificar as ocupações de terra e as reivindicações por Reforma Agrária em todo o Brasil. O mês passou a ter este significado depois do Massacre de Eldorado dos Carajás que aconteceu neste mesmo mês no ano de 1996, no Pará. Hoje, abril é mês de Jornada de Luta pela Terra.

Foi em 17 de abril de 1996, que dezenove sem terra, ligados ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) foram covardemente executados por policiais militares durante uma manifestação na cidade de Eldorado dos Carajás (PA). A chacina aconteceu durante a gestão do ex-governador do Pará, Almir Gabriel (PSDB), marcada por constantes conflitos entre sem-terras e Governo do Estado. Apesar de terem sido julgados e condenados dois dos mandantes, até hoje, onze anos após o massacre, ninguém, nem executores nem mandantes, está preso, todos gozam de plena liberdade, ao contrário dos trabalhadores/as rurais, que convivem diariamente com o medo e com o desconforto da impunidade.

Jornada em parte do Nordeste - Como não poderia ser diferente, visto que a Reforma Agrária pouco ou nada avançou de 1996 para cá, abril de 2007 foi marcado por manifestações de luta pela Reforma Agrária e por melhores condições de vida no campo em todos os estados brasileiros. No nordeste, onde a concentração de terra, os latifúndios e o coronelismo são antigos conhecidos dos trabalhadores rurais as ocupações de terra e manifestações são as principais armas dos agricultores.

Pernambuco foi o estado que teve o maior número de ocupações de terra no ano de 2006, 72, segundo o relatório Conflito no Campo Brasil 2006, lançado pela da Comissão Pastoral da Terra. Em 2007 já estão em número de 31 as ocupações de terra no estado, das quais 23 ocorreram durante a Jornada de Luta pela Terra, em abril e seis no dia 1º de maio (que para Fetraf ainda marca a Jornada de Luta que só terminar no final de maio, mês do trabalhador). As ocupações deste ano foram feitas pela Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar de Pernambuco (Fetraf), pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), pela Comissão Pastoral da Terra (CPT) e pelo Movimento de Libertação dos Sem Terra (MLST).

Além das ocupações de terra os movimentos também fizeram manifestações públicas, desde janeiro, foram dez as manifestações organizada por movimentos de trabalhadores e trabalhadoras rurais. As manifestações, dentre as quais estão marchas, bloqueios de BRs e ocupações de prédios públicos, aconteceram nos municípios de Tracunhaém, Barreiros, Goiana, Gameleira, Recife e Palmares e as pautas giram em torno dos problemas gerados pela ausência de políticas públicas para o campo.

A maior das manifestações foi organizada pelo MST no último dia 20 de abril e marcou o encerramento das manifestações deste movimento na Jornada de Luta pela Terra. Na Marcha da Jornada de Luta, o MST colocou 2.500 pessoas nas ruas do Recife e fez uma audiência com o Vice-governador do Estado, João Lyra e com o Secretário Waldemar Borges que tratou, além da questão das desapropriações de terra, de problemas como saúde, educação, trabalho e juventude no campo.

A Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar de Pernambuco, a Fretraf, só termina sua jornada de luta na segunda quinzena de maio, quando cerca de 5mil trabalhadores rurais farão uma marcha em Brasília para pedir mais políticas públicas para o campo, que incluí Reforma Agrária, crédito habitacional, crédito agroindustrial, dentre outras. Para João Santos, da coordenação da Fetraf, a marcha, que deverá ocorrer entre o dia 20 e 25 de maio, vai pedir políticas públicas para o campo, mas jogará força na discussão do crédito habitacional. Segundo Santos, o governo quer quebrar um acordo feito com a Fetraf no ano passado, no qual foi garantido créditos habitacionais da ordem de 6 mil reais para os agricultores assentados a serem repassados pela Caixa Econômica Federal.

Em Alagoas, os números de ocupações dos primeiros quatro meses de 2007 já são iguais aos números de todo o ano de 2006, 20 ocupações. As ocupações foram feitas pelo MST e pelo MLST. Com este número, o estado de Alagoas ficou em oitavo lugar em ocupação no Brasil no ano passado. Alagoas contabiliza também dezessete manifestações, sendo sete delas no mês de abril, e três conflitos por terra envolvendo 106 pessoas. Na Paraíba, foram três manifestações, três conflitos e três ocupações de terra. Todas as ocupações foram feitas pelo MST e no mês de abril. A Paraíba teve 09 ocupações de terra durante todo o ano de 2006.O Rio Grande do Norte, que fez apenas uma ocupação em 2006, já fez duas ocupações este ano, organizadas pelo MST.

Fonte:CPT NE II (que abrange os estados de AL, PE, PB, RN)

 

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