CPT participou do I Fórum Regional pela Soberania Alimentar
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Catorze países da América Latina participaram do Fórum sobre Soberania Alimentar, que aconteceu no Uruguay, entre os dias 25 e 30 de novembro.
Este primeiro Fórum Regional foi uma preparação para o 1º Fórum Mundial de Soberania Alimentar “Nyéléni”, que acontecerá em Mali, África, em fevereiro de 2007. O Brasil marcou presença com uma delegação de 19 pessoas, dentre as quais estavam representantes da Via Campesina, Marcha Mundial das Mulheres e CONTAG. Como membro da Via Campesina, a Comissão Pastoral da Terra encaminhou duas representantes, Creuza, da CPT Minas Gerais e Marluce, da CPT Nordeste.
O fórum começou com a discussão sobre a soberania alimentar como um direito dos povos de produzir seus alimentos; consumir e trocar alimentos de acordo com as práticas definidas por valores, conhecimentos, crenças e rituais pertencentes a cada cultura; e plantar alimentos sadios e nutritivos sem nenhum tipo de obstáculos ou pressão política.
Nos dias 25 e 26, as mulheres campesinas realizaram uma oficina regional com o mesmo tema do Fórum: Já é Tempo de Soberania Alimentar. U m documento foi elaborado ao final da oficina reafirmando a luta por dignidade, liberdade e por justiça, dando ênfase na luta pelo controle dos territórios, pela terra, água e o respeito à natureza.
Dando continuidade ao Fórum, do dia 26 a 29,os participantes identificaram e analisaram as ameaças à soberania alimentar e aos povos que a promovem. Entre elas, se destacam as plantações de monoculturas para produção de celulose e biocombustíveis, a contra- reforma agrária, a produção de trangênicos, a certificação das sementes, os acordos comerciais (OMC, ALCA, TLCs), o agro-hidronegócio, as privatizações, a venda de serviços ambientais, a patente e outros mecanismos de propriedade intelectual e os programas de ajuda alimentar.
Após o levantamento das ameaças, foi analisada, mais detalhadamente, a problemática ligada aos combustíveis e ficou decidido que as organizações participantes teriam que aprofundar em seus países a discussão e divulgar mais informações sobre esta ameaça. O Fórum ainda levantou as diversas formas de resistência que vêm sendo construídas nos países. Refletiu-se que é preciso construir novas formas de resistências à lógica imposta pelo mercado e pelo capital.
Os participantes também apresentaram as seguintes propostas: realização de uma campanha permanente do princípio de Soberania Alimentar que articule o campo e a cidade: campesinos, indígenas, pescadores e comunidades quilombolas; dar um novo impulso à campanha Sementes Patrimônio da Humanidade; realizar ações estratégias internacionais para derrotar as transnacionais; lutar em todos os níveis para se priorizar o resgate do conhecimento e saberes tradicionais; e para que o centro de pesquisas científicas não mercantilize a Natureza e a Vida.
O Fórum terminou declarando que a Soberania Alimentar é um princípio que se refere não só ao alimento, mas que compreende a luta por território, por cultura e identidade, para continuar sendo campesinos e campesinas, pelo direito à autonomia. É um princípio que permite articular as lutas por soberania territorial, energética, e da saúde. A soberania está relacionada com a integração e a solidariedade entre os povos. Para se conquistar esta soberania são necessários amplos processos educativos dirigidos tantos aos outros como a nós mesmos.