Comandante do Batalhão de Choque de PE vai responder por abusos
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O Tenente Coronel Luiz Meira, do Batalhão de Choque da Polícia Militar de Pernambuco, vai ter que responder na justiça pelas acusações de abuso de autoridade e denuncia caluniosas apresentadas em uma ação penal movida pelo Ministério Público de Pernambuco. As acusações são baseadas na atitude do Batalhão de Choque da PMPE, comandado por Meira, durante os protestos feitos pelos estudantes e trabalhadores da Região Metropolitana do Recife contra o aumento das passagens de ônibus em novembro do ano passado.
Meira é um velho conhecido dos movimentos sociais de Pernambuco pela sua repressão e truculência. Por diversas vezes comandou despejos violentos contra trabalhadores sem-terra e sem-teto. O despejo do Acampamento Chico Mendes, em São Lourenço da Mata, ocorrido em 2005, no qual foi impedida a entrada de advogados, jornalistas e parlamentares - e resultou na agressão física do então Presidente da Comissão de Cidadania da Assembléia Legislativa de Pernambuco, Roberto Leandro - é uma das péssimas lembranças que remetam à intolerância do policial.
Nos despejos urbanos, Meira também deixou a sua marca. Em agosto de 2005, o despejo das 24 famílias do Casarão da Rua Velha deixou várias pessoas feridas depois de serem disparadas balas de borracha e bombas de efeito moral. Marcelo Gerson de Paula, líder do Movimento de Luta e Resistência Popular (MLRP), perdeu a visão do olho direito depois de ser atingido por uma bala de borracha.
Em novembro do ano passado, durante os protestos contra o aumento das passagens de ônibus, estudantes e trabalhadores do Recife tiveram que enfrentar a violência do Batalhão de Choque comandado por Meira. Várias pessoas, em sua grande maioria estudantes, foram presas, agredidas e ameaçadas pelos policiais. Em uma demonstração de terror, estudantes foram humilhados nas delegacias. Fotos publicadas nos jornais locais mostravam estudantes, já imobilizados pela polícia, sendo agredidos com spray de pimenta nos olhos pelo próprio comandante.
Entidades de direitos humanos, em diferentes ocasiões, já manifestaram repúdio à permanência de Luiz Meira no comando do Batalhão de Choque. Durante as manifestações contra o aumento das passagens, boatos sobre a queda de Meira chegaram a circular nos jornais, mas um breve afastamento do tenente-coronel foi apenas para ‘despistar’ a indignação dos movimentos sociais.
A ação penal movida pelo Ministério Público de Pernambuco será julgada pela 9ª Vara Criminal da Capital. Até o presente momento o Tenente Coronel Luiz Meira não se pronunciou sobre o caso.