"Hoje, a água que é oferecida para o consumo é retirada dos mesmos tanques que levam água para a produção rural. Ela é tratada pelo sistema de água e esgoto, mas não é própria para o consumo. Uma análise das águas subterrâneas da região constatou a contaminação por agrotóxico. Se as águas dos lençóis freáticos já estão contaminadas imagine como está a água que nós consumimos", explica.
Por conta das iniciativas de mobilização da população, o poder público municipal manifestou interesse em colaborar, contudo, até o momento nada foi feito. "O prefeito se reuniu com algumas comunidades e se mostrou interessado em resolver os problemas, mas não fez nada. Ele justificou que o custo financeiro é muito alto. Apresentamos denúncia ao Ministério Público Estadual, mas até agora ainda não tivemos um retorno positivo", esclarece Pastora.
No item em que descreve a atuação dos órgãos públicos, o relatório os descreve como "omissos diante das várias situações de agravo à vida e negligentes no diagnóstico e prevenção".
Segundo a articuladora, o apoio que obtiveram partiu da iniciativa de um vereador que propôs a proibição da pulverização área. O projeto de lei está em tramitação e aguarda apenas a sanção do prefeito para entrar em vigor. Caso seja concretizada, a proposta resolverá boa parte dos problemas da população, já que a pulverização aérea é colocada como uma das situações mais graves.
Outro triste capítulo desta história é a situação a qual os trabalhadores da região são submetidos. "Maus tratos e humilhações de superiores dentro das empresas; falta de atendimento médico para os que adoecem; condições insalubres de trabalho; insegurança do trabalho assalariado e desrespeito ao tempo de carência do produto para que os trabalhadores voltem a trabalhar no plantio" foi o quadro encontrado pela Cáritas e pela UFC. De acordo com Pastora, os trabalhadores deram um grande passo ao entrar em greve por melhores condições de trabalho, como a implantação de banheiros.
A população afetada tem se manifestado, mas de maneira um pouco tímida. Isto porque, mesmo conscientes dos problemas causados pelas empresas, muitos dependem delas e de seus projetos. "A população é dividida porque, ao mesmo tempo em que sofre com os problemas,são dependentes das empresas para sobreviver. Diante desta situação estamos procurando fazer um trabalho educativo para mobilizar e pensar em conjunto soluções em oposição ao agronegócio, como a economia solidária", encerra Pastora.
Todas essas questões foram levadas ao Forum Nacional de Combate aos Impactos dos Agrotóxicos, que aconteceu no último dia 30, em Fortaleza, capital cearense.
Fonte: Adital Notícias