Em 2006, as famílias, com o apoio da Comissão Pastoral da Terra, passaram a exigir a criação de uma Reserva Extrativista (Resex) na região - unidade de conservação que permite a exploração dos recursos da natureza por populações tradicionais. As famílias seguem resistindo!
AS ILHAS DE SIRINHAÉM - “AQUI É O NOSSO LUGAR”
Autora: Sônia Freitas
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Neste mundo de meu Deus
Há muitas e muitas injustiças
Fruto da ganância dos ricos
Da maldade e da cobiça
Que aos pobres só excluem
Com seu poder e malícia.
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Com o massacre dos poderosos
Só resta aos pobres se unir e lutar
Neste país que é tão desigual
Em se falando de classe popular
Que buscam o Direito de ter Direitos
É necessário e urgente se organizar.
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Vou contar uma grande história
Vou falar prestem bem atenção
O que se deu com os pescadores
Moradores das Terras da União
Nas 17 Ilhas de Sirinhaém – PE
Não era difícil pescar no rio não.
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57 famílias de pescadores/as
Várias gerações nas ilhas moravam
Tirando o sustento da terra, do rio...
Respeitando a natureza pescavam
Em harmonia com Meio Ambiente
Pois nem um pássaro maltratavam.
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Respeitavam a Fauna e a Flora
O rio com seus peixes brincando
Tinha camurim Açú, tainha, Carimã
Arraia, Tilápia, Manjuba tudo pulando
As famílias com muito cuidado
Sua comida, seu sustento tirando.
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Mais de 210 espécies de aves
Foram encontradas nas ilhas Juriti
Rouxinol, Sanhaçús e Carcarás
Sebitos formigueiros e Bem-te-vi
Pica-pau-de-cabeça-vermelha
Gavião, dorminhoco e siriri.
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Andorinha-do-rio, Pitiguari
Garça-branca-grande
Beija-flor, socozinho, anu-preto
Lavandeira, Sanhaçu-do-mangue
João de barro, Bacurau e coruja
Tetéu e tantos outros nomes.
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Nas ilhas também tem muito
Várias cobras caninanas
Teju, jacaré-de-papo-amarelo
Sapo-cururu, macacos e bananas
Lagartos, tatu e tamanduá
Se brincar tem até onça sussuarana.
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Nas ilhas tem muitas mangueiras
O povo pescando todo dia e semana
Mas também cultivam muitas frutas
Caju, côco, acerola, araçá, banana
Além de mandioca, inhame, milho,
Feijão,mamão, goiaba e manga.
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Estou falando essas coisas todas
Para toda população entender
O que existia nas ilhas antes
Um lugar bom e bonito de se viver
Se o povo pescavam e plantavam
Tinham de tudo para comer.
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Mais os ricos não podem ver
O povo vivendo alegre, contente
Vão chegando com ganância e fúria
Para expulsar toda essa gente
Com a monocultura da cana
Deixando o povo com fome e doente.
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Como começou os conflitos nas ilhas
Naquela belíssima e gostosa região
Das 32 ilhas, 17 sob o foro da usina
De açúcar Trapiche com exploração
Expulsando o povo de seu lugar
Das pertencente terras da União.
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Os conflitos continuam nas ilhas
A usina polui as áreas de preservação
E botando a culpa nos pescadores
Mas eles respeitam e dão proteção
É responsabilidade do governo sim
Monitorar as ilhas com fiscalização.
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A usina de cana de açúcar Trapiche
Despeja lixo, vinhoto nos rios
Matando peixes tudo o que é vivente
Chegando até sentir um calafrio
A CPP Assessora os pescadores/as
Mais ainda continua os grandes desafios.
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Denunciaram ao Ministério público
CPRH, IBAMA, Terra de Direitos também
A usina nega o derramamento de poluentes
E continua os conflitos, naquele vai-e-vem
Enquanto isso morrem 18 mil ostras e só
Prejudicando as comunidades de Sirinhaém.
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A usina além de criminalizar
Os moradores que ali viviam
Derrubaram e queimaram as casas
Pra ver se assim eles desistiam
Deixando as terras livres para a usina
Pois era o que os usineiros mais queriam.
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Com tantas ameaças feitas pela usina
Promessas falsas, e o povo explorando
Os pescadores foram deixando as ilhas
E nas periferias de Sirinhaém estão morando
Sem casa, sem trabalho digno pra viver
As promessas da usina foi só engano.
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Só apenas 02 famílias resistiram
Vivem Isoladas na Ilha Constantino
Dalí tiram seu sustento do dia-a-dia
Famílias formada por mulheres e meninos
Maria Nazaré e Maria das Dores
Mulheres de muita fé vão resistindo.
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O Brasil precisa de Mulheres assim
Que tem muita garra e decisão
Ameaçadas e suas casas destruídas
E várias vezes levadas para a prisão
Elas nunca desistiram da luta
E dizem: da Ilha não saímos não.
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Vivendo mais de 40 anos nas ilhas
Aquela gente, povo trabalhador
Hoje em situação de muita pobreza
A Vida violentada como não tivesse valor
Pelos capangas e pela usina Trapiche
Proibidos de pescar, a pescadora, o pescador.
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Há muito tempo está fazendo que
As famílias são assessoradas pela CPP
Depois de tantas denúncias e conflitos
Acompanhadas também pela CPT
Vai ser criada a Reserva Extrativista
A Resex , o povo pressionando vai acontecer.
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Devido a tanta injustiça e opressão
Contra as pescadoras e pescadores
Dessa gente tão sofrida, excluída
Não suportando tanto clamores
A CPT, CPP e outras Entidades
Em parceria para ajudar os moradores.
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Com a criação da Reserva Extrativista
Nas terras denominada da União
O povo pode voltar a trabalhar, utilizar
Os recursos naturais com conservação
Respeitando Meio Ambiente sim
Pescando e fazendo a plantação.
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Daí o povo volta a pescar e plantar
Vão ter o suficiente para o que comer
Com o resgate do Saber Popular
O povo participando mais Vida vão ter
Os peixes, as aves, o mangue, as árvores
Em grande harmonia vão viver.
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A Vida vai sim voltar a sorrir
Naquelas Ilhas, naquela região
A cana não vai mais ali existir
A floresta em festa e a vegetação
Os pássaros construindo seus ninhos
O povo feliz dizendo:Aqui é nosso chão.
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Não vai ter mais espaço para conflitos
Não vai ter mais vez os usineiros
Só vai ter crianças brincando felizes
Correndo e pulando nos terreiros
É o lugar dos Ribeirinhos, dos Pobres
Dos pescadores, das Mulheres guerreiras.
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Vou ficando por aqui com meus versos
Tentei contar um pouco da história
Do povo das Ilhas de Sirinhaém
Com certeza vai ficar na memória
Viva a Vida, viva toda essa gente
Que sente o gosto da vitória.