Comissão Pastoral da Terra Nordeste II

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Sete de setembro é lembrado, na História do Brasil, como a data que marca a independência do país. Segundo a história oficial do país, foi nesta data, em 1822, que o Brasil quebrou sua ligação com sua antiga metrópole, Portugal. Esta data é símbolo para a nação, pois representaria a sua soberania nacional. Mas será que o grito de independência de Dom Pedro, às margens do rio Ipiranga, realmente significou tal soberania ao país? Questionando esta ideia, anualmente organizações populares promovem o Grito dos Excluídos – uma grande mobilização feita durante a semana da pátria que denuncia a falta de um projeto popular no Brasil.

Em entrevista à Radioagência NP, o integrante da coordenação nacional do Grito dos Excluídos, Ari Alberti, conta a história da manifestação popular e fala sobre a organização desta luta.

Radioagência NP: O que é o Grito dos Excluídos?

Ari Alberti: O Grito dos Excluídos é um acontecimento que já tem 15 anos. Ele surgiu a partir da Segunda Semana Social Brasileira, que foi promovida pela CNBB [Conferência Nacional dos Bispos do Brasil], pastorais e movimentos, que tratava do tema “Brasil: alternativas e protagonistas”. Acabado este processo se pensou em uma ideia do que poderíamos construir coletivamente e aí surge o Grito dos Excluídos, para ser realizado na data do sete de setembro, fazendo uma reflexão a partir da história da independência do Brasil. Ele acontece em todo o Brasil, de forma descentralizada, sem priorizar a realização de atos nos grandes centros. Podemos dizer que, passado 15 anos, que ele tem dimensão nacional, pois está em todos os estados do país durante a semana da pátria.

RNP: Quem são estes excluídos?

AA:
Se olharmos pelas definições, todos nós estamos incluídos neste mundo, mas a maioria está incluída de uma forma perversa. Nós chamamos de excluído, por exemplo, a pessoa que não tem condição de acessar a saúde, educação, moradia, terra, emprego. São pessoas sem condição de competir no mercado, que é desigual, e que não tem condição de fazer ouvir sua voz, seus gritos, que estão calados, emudecidos. Nós lutamos por justiça e ao lutar por justiça, entendemos que juntos estamos construindo uma proposta de um projeto de país diferente, onde o povo possa ser incluído politicamente, economicamente e socialmente, onde as pessoas possam viver com dignidade.

RNP: Qual será o tema do 15º Grito dos Excluídos?

AA:
A primeira afirmação sempre é a mesma: vida em primeiro lugar. O complemento deste ano é: “a força da transformação está na organização popular”. Acreditamos abertamente que as mudanças só poderão vir de baixo para cima. Então o nosso desafio é ajudar a informar, formar e conscientizar o povo para que possamos de fato fazer esse movimento, essa luta de baixo para cima, para que as mudanças possam acontecer.

RNP: Qualquer pessoa pode participar da construção do Grito dos Excluídos?

AA:
O Grito dos Excluídos é um acontecimento que não tem um dono nem uma pauta específica de reivindicação. Cada local se organiza a partir dos gritos maiores que tem mais a ver com a realidade da população daquela região.

RNP: E se a pessoa tiver interesse, como ela pode se inserir na organização desta manifestação popular?

AA:
O que as pessoas podem e devem fazer, se tiver interesse, é procurar na sua cidade, em seu estado, nas associações, como as pastorais, se por acaso está acontecendo a construção do Grito dos Excluídos. Caso tenha dificuldades, nós secretaria nacional podemos ajudar a partir dos endereços de onde são organizados os Gritos. Todos serão bem-vindos e bem-vindas nesta atividade. Nós temos que passar da atividade de ficar apenas assistindo as coisas acontecerem. Nós temos que sair da situação de platéia para sermos atores e atrizes. Temos que protagonizar, que agir, para construir uma pátria livre e independente.

O telefone da coordenação nacional do Grito dos Excluídos é (11) 2272-0627. Informações também podem ser obtidas através do endereço na internet: www.gritodosexcluidos.org.



Fonte: Radioagencia NP

 

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