A Reserva Extrativista é uma unidade de conservação que permite a exploração dos recursos da natureza por populações tradicionais. O objetivo da criação da Resex nas Ilhas de Sirinhaém é garantir a proteção do manguezal, o ordenamento pesqueiro na área e o retorno das famílias de pescadores tradicionais que viviam na região, há mais de 60 anos, mas que foram expulsas do local pela ação brutal da Usina Trapiche.
O pedido de criação de uma Resex na área foi encaminhado pelas famílias que ainda resistem e as que foram expulsas, com apoio da Comissão Pastoral da Terra (CPT) ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama), em 2006. Os estudos que atestam as características da área como adequada a se tornar Reserva Extrativista já foram elaborados e entregue aos órgãos competentes. Os levantamentos técnicos indicam que a área a ser destinada à Reserva Extrativista é de
"Espera-se que a Resex freie a ação criminosa das Usinas que poluem a região"
O Padre Thiago Thorlby, da CPT e que acompanha as famílias da área, alerta para a necessidade urgente da criação da Resex no local. “Se não for criada o quanto antes, as ilhas de Sirinhaém serão completamente devastadas pela atuação da Usina Trapiche e as comunidades que viviam no local terão apenas o desemprego ou o corte de cana como alternativas”, comenta. “Espera-se que a Resex freie a ação criminosa das usinas que poluem a região, que matam a flora, a fauna e aqueles que vivem no mangue. Se hoje estamos realizando essa Consulta Publica é devido somente ao esforço do povo atingido pela ação das Usinas, que foram despejados de maneira violenta, ilícita e arbitrária, mas com a cobertura de sempre: do estado, do poder judiciário” complementa.
Situação das famílias e do meio ambiente - Cerca de 53 famílias de pescadores tradicionais e marisqueiras viviam e trabalhavam na área de maneira sustentável. Mas, o processo de devastação do meio ambiente e de expulsão das famílias do local iniciou-se há aproximadamente 15 anos, com invasão da área pela Usina Trapiche. Por meio de ações ilegais e criminosas, a Usina expulsou, uma a uma, as famílias da área, para viverem nas periferias de Sirinhaém. Além de ameaçar e expulsar a comunidade das terras, a Usina promoveu desmatamentos dos sítios e poluição dos rios, causada pelo despejo de vinhoto. Atualmente, apenas duas famílias permanecem no local, resistindo às ameaças da Usina. A Usina chegou a ser autuada, em julho de 2008, e enfrenta uma multa de R$20 milhões por cometer diversos crimes ambientais.
Setor de comunicação da CPT NE2