A Anistia Internacional (AI) divulgou ontem, 28 de maio, seu relatório sobre as violações aos Direitos Humanos ocorridas no mundo em 2008. No capítulo sobre o Brasil, o relatório destaca que os povos indígenas que lutam por seu direito constitucional à terra continuaram a ser vítimas de assassinatos, intimidações, discriminação, expulsões forçadas e outras violências. Para a Anistia, "atrasos em decisões judiciais contribuíram para a persistência da violência contra os indígenas”.
Segundo a organização, os países deveriam investir em Direitos Humanos da mesma forma que investem em crescimento econômico. Em relação ao Brasil, a AI afirmou que a sociedade segue profundamente dividida em termos de realização dos direitos humanos. Na avaliação da Anistia, a expansão econômica e os projetos sociais apoiados pelo governo contribuíram para reduzir disparidades socio-econômicas. Entretanto, a desigualdade na distribuição de riquezas continuou sendo uma das maiores da América Latina.
Sobre as violações aos Direitos Humanos na zona rural do país, o relatório afirma que trabalhadores sem terras e povos indígenas foram ameaçados com violência e com expulsões forçadas. Diz a o informe: “A expansão agro-industrial e projetos de desenvolvimento governamentais e privados reforçaram a discriminação social e a pobreza que há décadas afetam as comunidades rurais”.
Casos de violência
A publicação cita como exemplo de violência contra os povos indígenas o assassinato da liderança do povo Truká, Mozeni Araújo de Sá, morto em agosto de 2008, em Pernambuco. Ele era uma testemunha-chave dos assassinatos de outros dois índios Truká, mortos a tiros em junho de 2005. O relatório também destacou o ataque contra um grupo de indígenas ocorrido em maio de 2008, na terra Raposa Serra do Sol, em Roraima. Na ocasião, homens mascarados ligados ao arrozeiro Paulo Cezar Quartiero dispararam tiros e lançaram bombas de fabricação caseira, ferindo 10 indígenas.
Fonte: Brasil de Fato