Alagoas foi o quarto estado da federação brasileira a implantar o programa de escola itinerante. As atividades foram iniciadas em 2006 com duas turmas para as organizações favoráveis à reforma agrária, que são reconhecidas no país: Comissão Pastoral da Terra (CPT), Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Movimento de Libertação dos Sem Terra (MLST) e o Movimento Trabalho e Liberdade (MTL).
Atualmente, a CPT acompanha escolas itinerantes nos assentamentos de “Santa Maria Madalena” (União dos Palmares), Mumbuca e Santa Cruz (Murici); e nesse ano será implantado no “Rio Bonito” (Joaquim Gomes). O ensino regular é ofertado para crianças do regime seriado (1° ao 5°ano), além de jovens e adultos (14 a 61 anos); a avaliação escolar é realizada normalmente com provas, pesquisas e trabalhos em grupo, os relatórios de trabalho e diário de classe são encaminhados em escolas polos nas cidades.
Os critérios de seleção dos educadores foram estabelecidos pela instituição, onde priorizou que os profissionais tivessem conhecimento sobre a história da CPT, das questões agrárias e consciência crítica sobre as questões sociais. A Secretaria Estadual de Educação é a responsável pelo pagamento das monitoras.
Referência
O assentamento Santa Maria Madalena, antiga fazenda “Limão”, encontra-se a 15 km distante da cidade de União dos Palmares é uma referência no estado. Ao todo, possui 60 alunos distribuídos em duas turmas acompanhadas pelas professoras Lidiane Cândido e Maria das Graças Alves, que convivem de perto com a realidade dos trabalhadores rurais, pois dormem no acampamento.
O uso de livros didáticos é essencial, mas o conteúdo é sempre adaptado ao cotidiano no campo e remetem-se as reais necessidades dos alunos, nas áreas de: português, matemática, artes, questão ambiental e recreação. São realizadas atividades em grupo com as crianças das mais diversas idades, que estimulam o conhecimento e a auto-estima; já os adultos, participam de debates, dinâmicas e utilizam-se palavras cruzadas.
É visível o cuidado que os alunos têm em relação ao ambiente educacional, as carteiras doadas no ano passado pelo governo estão em ótimo estado de conservação e nas paredes não possui pichações. Em abril, a infraestrutura será melhorada, com a implantação de uma biblioteca, refeitório e a regularização da entrega de merendas. De acordo com o sociólogo e coordenador da CPT-AL, Henrique Santos, “as pessoas duvidavam do trabalho da escola itinerante, achavam que não duraria muito tempo. Hoje, a escola itinerante é um projeto modelo, sem ela, muitas crianças não estariam estudando, pois não teriam condições de ir para a cidade. Aqui é um exemplo de transformação sociopolítico”, afirmou.