A ação consiste em realizar espaços de formação para debater o tema das migrações temporárias para o corte de cana em outras regiões do país, o trabalho escravo e a possibilidade de construção de um outro modelo de agricultura, baseado na partilha da terra.
As migrações temporárias no Sertão do Pajeú para o corte de cana
Segundo Denis Venceslau, agente da Comissão Pastoral da Terra do Pajeú, “ao visitar os municípios do sertão, a CPT percebeu que o fluxo de trabalhadores e trabalhadoras que se deslocam para várias regiões do país é muito grande. Esses trabalhadores deixam suas famílias para tentar ganhar a vida no corte da cana”. Entretanto, complementa Denis, “os trabalhadores se descolam de forma ilegal, sem conhecimento de seus direitos e quando chegam ao local de trabalho são facilmente submetidos ao trabalho escravo”.
A concentração de terras, a inserção de novos maquinários modernos no campo e a falta de uma política agrícola para o pequeno agricultor sertanejo, contribuem para que muitas famílias agricultoras migrem para outras regiões do país. Segundo Denis, esse fenômeno demográfico modifica o cotidiano de muitas comunidades rurais e até mesmo dos municípios. É o caso de Solidão, uma cidade com cerca de 5.400 habitantes, localizada no sertão de Pernambuco. “Na época de safra na região sudeste, as residências de algumas comunidades rurais da cidade ficam habitadas apenas por crianças, mulheres e idosos” comenta Denis. De acordo com Nelma dos Santos, trabalhadora rural do município, a região não tem investimento para o pequeno agricultor plantar, tendo que muitas vezes que dormir em papelão nas ruas e para tentar ganhar uns trocados ou migrar para o corte de cana.
“A partir desse trabalho de formação, temos que construir alternativas que, através da Reforma Agrária, de uma política agrícola voltada para o fortalecimento da agricultura camponesa, possam criar as condições para que as famílias possam se fixar, tanto no campo quanto na cidade, sem que precisem arriscar suas vidas e se submeterem ao trabalho degradante nos canaviais do país”, finaliza o agente da CPT.
Serviço:
Programação da Jornada de Formação sobre as migrações temporárias para o corte de cana
25/04 – Atividade de formação “Trabalho escravo, nem pensar”, com os jovens da comunidade de Monte Alegre (município de Afogados da Ingazeira), a partir das 14h.
26/04 – Atividade de formação sobre as migrações temporárias nas comunidades de Arizona e Pinheiros (município de Sertânia), a partir das 10h. Na ocasião serão exibidos os vídeos “Bagaço” e “Do Bagaço a liberdade” - Produzidos pela Comissão Pastoral da Terra e pela Rede Social de Justiça e Direitos Humanos).
27/04 – Visita as famílias das comunidades rurais de Jati e Umburanas (município de Afogados da Ingazeira), a partir das 8h.
28/04 - Visita as famílias das comunidades de Favela e Poço do Moleque (município de Afogados da Ingazeira).
29/04 – Palestras e Seminário nas Escolas de Sertânia.
30/04 – Em Iguaracy, haverá a realização de uma vigília luminosa contra a violência no campo e também a divulgação dos dados da CPT sobre os Conflitos no Campo no Brasil em 2008
Outras informações:
CPT Pajeú
Denis Venceslau
Luciana Galdino
Fone: (87) 3838-1964
Comunicação CPT PE
Renata Albuquerque
Fone: (81) 9254-2212