Comissão Pastoral da Terra Nordeste II

\"\"Acontece nesta quarta-feira (18/3), mais um julgamento sobre a demarcação da reserva indígena Raposa Serra do Sol. Os votos dos ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) podem por fim ao conflito entre indígenas e fazendeiros que disputam uma área de cerca de 1,7 milhão de hectares e onde vivem aproximadamente 17 mil índios. No último julgamento, suspenso em dezembro do ano passado, oito dos 11 ministros já haviam se manifestado a favor da demarcação. No entanto, eles ainda podem mudar seus votos.

Mais de três mil índios de diversas tribos do Norte e Centro-Oeste brasileiro participarão de manifestações em Brasília, Boa Vista (RR) e na própria Raposa/Serra do Sol. Segundo a liderança indígena da Raposa Serra do Sol, o cacique Dejacir Melchior da Silva, as manifestações têm como objetivo chamar a atenção da sociedade para a cultura e produção dos habitantes originários da região, que também contribuem com a manutenção da economia do estado de Roraima.

“Nós estamos nos reunindo para mostrar a todo povo de Roraima a nossa produção e o que nós temos. Queremos mostrar que a sustentação da economia do estado não depende apenas dos arrozeiros. Nós também temos nossa produção que pode ser comercializada com o estado e municípios da região”, esclarece Melchior.

O CIR (Conselho Indígena de Roraima) vai enviar a Brasília 40 representantes para acompanhar o julgamento, cerca 500 índios vão fazer uma feira cultural na praça central de Boa Vista e outros 3 mil estarão mobilizados em Surumu.

O coordenador do CIR, Dionito José de Souza, acredita no desfecho favorável aos povos da Raposa Serra do Sol e espera que seja imediata a retirada dos ocupantes não índios da área, principalmente dos arrozeiros.

“Com a conclusão do julgamento será cassada a liminar que mantém os arrozeiros e eles terão que sair imediatamente. Já estamos conversando com a Embrapa para que seja elaborado projeto de aproveitamento da área para a produção dos indígenas”, destaca o coordenador.

Souza deseja que a terra usada para produção de arroz ‘descanse’ por uns três anos até que seja reutilizada. “Vamos produzir sem agrotóxico”, afirmar o líder macuxi que defende uma produção orgânica, sem violação da forma natural de produção indígena.

Em Boa Vista a Campanha Anna, Pata, Ana Yan, vai manter mobilização no centro da cidade, com feira cultural, danças tradicionais, vídeos e telões para assistir ao julgamento.

No Surumu também acontece feira cultural com a presença de comunidades da Raposa Serra do Sol. Além de feira cultural, os participantes pretendem assistir pacificamente ao julgamento.

São parceiros do CIR na manifestação o MST, Movimento Nós Existimos, CUT (Central Única dos Trabalhadores), MMC (Movimento de Mulheres Camponesas), MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto), CIMI (Conselho Indigenista Missionários), Núcleo Inshikiran e organizações indígenas locais.


(Com informações da Radioagência NP e do Cimi)

 

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