Xavier Plassat, irmão dos outros
LE MONDE | 29.12.08 | 15h31 • Mis à jour le 29.12.08 | 20h36
O MUNDO | 29.12.08 | 15h31 • Atualizado 29.12.08 | 20h36
U ne maison monacale. Uma casa monástica. L\'expression vient spontanément à l\'esprit en voyant les murs nus blanchis à la chaux, les étagères faites de briques et de planches de bois, la cuisine qui n\'en est pas une, la machine à laver manuelle... A expressão vem à mente ao ver as paredes nuas, revestidas de cal, as estantes feitas de tijolos e tábuas de madeira, a cozinha que não é, o lava-roupa manual ... En l\'occurrence, le rapprochement n\'est pas usurpé : c\'est un moine, un dominicain de 59 ans, Xavier Plassat , qui habite cette bâtisse sommaire à Araguaina, une petite ville brésilienne de l\' Etat de Tocantins , dans le centre du pays, à la lisière de l\'Amazonie. No caso, a comparação não é abusiva: trata-se de um monge, um dominicano de 59 anos, Xavier Plassat, que vive numa casa simples em Araguaína, uma pequena cidade brasileira do estado do Tocantins, no centro do país, às margens da Amazônia.
ITINERÁRIO
1950 1950 -Naissance à Roost-Warendin, près de Douai (Nord). Nascido em Roost-Warendin, perto de Douai (Nord).
1970 1970 - GDiplômé de Sciences Po Paris.Graduação em Sciences Po Paris.
1971 1971 - Entre dans l\'ordre des dominicains. Ingressa na ordem dominicana.
1983 1983 - Premier séjour au Brésil où il s\'installe en 1989. Primeira visita ao Brasil, onde se estabelece em 1989.
1997 1997 - Début de la campagne contre le travail esclave. Início da campanha contra o trabalho escravo.
2008 2008 - RReçoit au Brésil le Prix national des droits de l\'homme.Recebe no Brasil o Prêmio Nacional de direitos humanos.
O frei Plassat é um caso especial. Il ya vingt ans, déjà entré dans les ordres, ce fils de bonne famille catholique, bardé de diplômes, rompait les amarres et quittait la France, son pays natal, pour une vie "austère mais épanouissante" au service d\'une cause : celle des paysans sans terre et des journaliers rivés à un grand domaine agricole, ceux que l\'on appelle pudiquement au Brésil les travailleurs esclaves. "J\'aime m\'engager dans les luttes du siècle, prendre position, dit-il. Il faut savoir subvertir l\'ordre établi. Et aider les sans-voix à parler d\'égal à égal avec les puissants." Vinte anos atrás, já membro da ordem religiosa, este filho de uma boa família católica, repleto de diplomas, quebrou as amarras e deixou a França, seu país natal, para uma vida "austera, porém gratificante", a serviço de uma causa: a dos trabalhadores sem terra e dos diaristas presos nas grandes fazendas, aqueles que no Brasil, pudicamente, são chamados de trabalhadores escravos. "Gosto de me engajar nas lutas do século, tomar posição, diz ele. Precisa saber subverter a ordem estabelecida. Ajudar os sem voz para falar em pé de igualdade com os poderosos ".
Pourquoi le Brésil ?
Por que o Brasil? L\'itinéraire du dominicain renvoie à une page sombre de l\'histoire du pays, lorsqu\'il était sous la botte des militaires qui persécutaient les opposants. A rota do dominicano remete a um capítulo sombrio da história do país, quando este estava sob a bota dos militares que perseguiam os adversários. Parmi eux, justement, un autre dominicain, Tito de Alencar , qui, après des mois de torture, trouva refuge en France où, jamais remis des persécutions subies, il se suicida en 1974, à l\'âge de 28 ans. Entre estes, justamente mais um dominicano, Tito de Alencar, que, depois de submetido à tortura por meses a fio, encontrara asilo na França onde, sem nunca se recuperar dos tormentos sofridos, cometeu suicídio em 1974, aos 28 anos. C\'est en organisant le retour de la dépouille de celui qui était devenu un ami proche que Xavier Plassat fit la connaissance de son futur pays d\'adoption. Ao organizar o traslado dos
restos daquele que tinha se tornado seu amigo, Xavier Plassat conheceu pela primeira vez a sua futura terra de adoção.
Foto J.L Bulcão
Les temps ont changé depuis, mais dans cette partie du Brésil - de la taille de la moitié de la France - le frère Plassat est en terre de mission.
De lá para cá, os tempos mudaram, mas, nesta parte do Brasil – uma área que equivale à metade da França -, o frei Plassat está em terra de missão. Couverte d\'une savane arborée, la région vit comme on vivait naguère au Far West . Coberta por uma savana arborizada, a região vive como se vivia antigamente no Faroeste. Les fermes, dont chacune couvre des milliers d\'hectares, sont les points de repère d\'un paysage sans relief, les troupeaux de vaches - le principal produit d\'exportation - l\'étalon de la richesse. Imensas fazendas, com área média contada em milhares de hectares, são as referências nesta paisagem plana, e rebanhos de gado - o principal produto exportado – o marco da riqueza. Le respect de la loi est une notion toute relative. O respeito pela lei é um conceito relativo. Les propriétaires terriens sont les seigneurs. Os proprietários são os senhores. Et les paysans, une main-d\'oeuvre taillable et corvéable à merci. E os trabalhadores rurais uma mão-de-obra explorável a contento. Ils travaillent dur pour gagner l\'équivalent de 7 ou 8 euros par jour. Trabalham duro para ganhar o equivalente a 7 ou 8 euros por dia. Leur rêve se résume à pouvoir exploiter, un jour, un lopin de terre pris forcément aux latifundistes. O seu sonho resume-se a poder um dia lavrar seu próprio pedaço de chão, o qual necessariamente terá que ser arrancado ao latifúndio.
O religioso Le religieux est leur allié.O religiosoé o aliado deles. Qu\'il s\'agisse d\'alerter l\'administration fédérale contre l\'exploitation d\'une main-d\'oeuvre inorganisée ou de réclamer l\'application de la réforme agraire. Quer denunciando às autoridades federais a superexploração destes trabalhadores não organizados, quer exigindo a efetivação da reforma agrária. Le dominicain est là, à leurs côtés, comme naguère Bartolomé de Las Casas, l\'aumônier des conquistadors le fut, au XVI e siècle, en prenant la défense des Indiens d\'Amérique . "C\'est l\'un de mes inspirateurs. Il appartenait, lui aussi, à l\'ordre des dominicains", souligne Xavier Plassat, vêtu d\'un tee-shirt qui célèbre "l\'alliance entre les travailleurs de la terre et les étudiants". O dominicano aí está, com eles, assim como estava antigamente Bartolomé de las Casas, este capelão dos conquistadores do século 16 que acabou assumindo a defesa dos Índios da América. "Um dos meus inspiradores. Ele também era um dominicano ", observa Xavier Plassat, vestindo uma camiseta celebrando a "aliança entre os trabalhadores da terra e os estudantes "
A la mi-décembre, le dominicain s\'est vu décerner par la présidence de la République le Prix national des droits de l\'homme. Em meados de dezembro, o dominicano foi agraciado pela Presidência da República do Brasil com o Prêmio Nacional de direitos humanos. Quelques semaines auparavant, c\'est une ONG américaine, Free the slaves ("libérez les esclaves"), qui récompensait l\'organisation animée par Xavier Plassat, la Commission pastorale de la terre (CPT), pour son travail. Algumas semanas antes, uma ONG americana, a Free the Slaves ("Libertem os Escravos"), recompensara o trabalho da entidade animada por Xavier Plassat, a Comissão Pastoral da Terra (CPT).
"Les prix, ça protège. C\'est aussi fait pour ça", commente le religieux. "Um prêmio, isso dá proteção. Serve também para isso", comenta o religioso. La remarque n\'est pas anodine. A observação não é casual. A quelques centaines de kilomètres de là, un autre dominicain, Henri Burin des Roziers, lui aussi défenseur des laissés-pour-compte du développement, vit nuit et jour sous la protection de la police. A poucas centenas de quilômetros de distância, outro dominicano, Henri Burin des Roziers, também defensor dos excluídos do desenvolvimento, vive dia e noite sob proteção policial. En 2005, une religieuse américaine, membre active de la CPT, Dorothy Stang , était assassinée par deux tueurs à gages dans cette même région. Em 2005, uma freira americana, também agente da CPT, Dorothy Stang, foi assassinada por dois pistoleiros, nesta mesma região. Foi àC\'est à sa mémoire que la Commission pastorale a dédié le prix reçu de l\'ONG américaine.Doi à sua memória que a Pastoral dedicou o prêmio recebido da ONG norte americana.
Malgré les prix et le début de notoriété qui les accompagne, Xavier Plassat reste un rebelle. Apesar dos prêmios e do início de notoriedade que vem junto, Xavier Plassat continua sendo um rebelde. C\'était déjà vrai en France, dans les années 1970, lorsque, jeune dominicain, il avait refusé d\'aller jusqu\'au bout des études qui auraient fait de lui un prêtre. "Etre prêtre ou l\'ultime diplôme. C\'est une vision de l\'Eglise à laquelle je ne pouvais pas adhérer. J\'avais un blocage politique, ou théologique. Du coup, je suis resté ce qu\'on appelle un frère convers. Ce n\'est pas très fréquent. En France, on les considère comme pas très intelligents", explique avec gourmandise l\'homme, sorti de Sciences Po, titulaire d\'une licence de sciences économiques et d\'un diplôme d\'expertise comptable. Isso já era verdade na França, na década de 1970, quando o jovem dominicano desistiu de concluir os estudos que poderiam fazer dele um sacerdote. "Acessar ao sacerdócio como se fosse o último grau... É uma visão da Igreja à qual eu não podia consentir. Tinha um bloqueio político, ou teológico. Foi assim que me tornei um chamado ‘irmão cooperador’. Não é muito comum. Na França, são considerados como não muito espertos", diz com gozação este homem que passou por Sciences Po, é licenciado em ciências econômicas e tem diploma de auditor financeiro.
Quarante ans plus tard, il continue à contester l\'ordre établi. Quarenta anos depois, ele continua desafiando a ordem estabelecida. Lorsqu\'il parle de Lula, le chef d\'Etat brésilien - qu\'il a salué à l\'occasion de la remise du Prix national des droits de l\'homme -, c\'est sans aménité particulière. Quando fala do Lula, o chefe do Estado brasileiro – cujas mãos ele apertou na ocasião da entrega do prêmio nacional de direitos humanos - é sem especial amenidade. S\'il reconnaît au dirigeant la volonté politique de lutter contre l\'esclavage moderne, Xavier Plassat se dit sans illusions sur les options fondamentales du gouvernement. "Il n\'y a pas de remise en cause du modèle de développement", dit-il, installé dans son bureau qu\'orne une affiche du Che. Mesmo creditando-lhe vontade política para lutar contra a escravidão moderna, Xavier Plassat não alimenta ilusões sobre as opções fundamentais do seu governo. "Não há nenhum questionamento em relação ao modelo de desenvolvimento", diz ele, sentado no seu escritório ornamentado com um pôster do Che.
ALe religieux, qui se retrouve dans la théologie de la libération née à fin des années 1960, est autrement plus sévère lorsqu\'il parle de l\'Eglise officielle et de ses responsables locaux.AAAchando-se à vontade na teologia da libertação, nascida no final dos anos 60, o religioso é bem mais severo quando fala da Igreja oficial e de seus dirigentes na região.Il lui reproche d\'être rentrée dans le rang, de défendre les riches et d\'oublier les pauvres. "Elle n\'a plus de message, sauf celui d\'une obéissance à des règles critiquables." Il relève que, depuis des années, Rome n\'envoie plus dans cette région que des évêques dont le principal souci est de ne surtout pas faire de bruit. "On a une Eglise qui veut "faire du sacrement" pour contrecarrer le développement des pentecôtistes. Je me sens de plus en plus mal à l\'aise." Ele critica-lhe o retrocesso, a defesa dos ricos, o esquecimento dos pobres. "Ela não tem mais palavra, a não ser a de uma obediência a regras questionáveis." Ele observa que, de uns anos para cá, Roma preferiu enviar para esta região bispos cuja principal preocupação é não fazer barulho. "Eis uma igreja que quer ‘fazer sacramentos’ como forma de contrariar o desenvolvimento dos pentecostais. Sinto-me mais e mais desconfortável".
Le désamour finira-t-il par un divorce ? "Non, assure l\'une de ses amies françaises, Dominique Marcon . Mais c\'est un homme de conviction. Il veut que les choses avancent. C\'est en le côtoyant, avant son départ pour le Brésil, que j\'ai compris ce qu\'était un religieux engagé dans le siècle." S\'il n\'y a pas de séparation en vue, l\'éloignement est réel. O desamor poderia acabar em divórcio? "Não, afirma uma de suas amigas na França, Dominique Marcon. Mas este é um homem de convicção. Ele quer avançar. De ficar ao lado dele antes de sua partida para o Brasil, eu entendi o que é um religioso engajado no século”. Mesmo sem separação em vista, o distanciamento é real.
L\'Eglise officielle se tient à l\'écart d\'une Commission pastorale de la terre jugée sulfureuse, qu\'elle a pourtant portée sur les fonts baptismaux dans les années 1970, à l\'époque de la dictature. "Aujourd\'hui, constate le dominicain, on a de plus en plus de mal à se faire reconnaître comme institution rattachée à l\'Eglise. Nous ne sommes plus invités à l\'assemblée pastorale diocésaine. On nous considère comme une ONG laïque." A Igreja oficial mantém distância com uma Comissão Pastoral da Terra considerada com cheiro de pólvora, a mesma Igreja que a havia levado à pia batismal nos anos 70, na era da ditadura. "Hoje, constata o dominicano, nos fica cada vez mais difícil conseguirmos ser tratados como entidade vinculada à Igreja. Deixamos de receber convite para a Assembléia pastoral da diocese. Alguns nos consideram como uma ONG, laica".
Tenue en lisière, la Commission pastorale de la terre a de plus en plus de mal à boucler son budget, pourtant serré. Mantida à distância, a Comissão Pastoral da Terra tem dificuldade crescente para equilibrar um orçamento já restrito. Algumas entidadDes associations de coopération de l\'Europe du Nord versent un peu d\'argent, mais pas assez.Entidades de cooperação da Europa do Norte mandam recursos, mas não o suficiente. La CPT vit à l\'économie. A CPT vive apertada.
Jean-Pierre Tuquoi Jean-Pierre Tuquoi