Comissão Pastoral da Terra Nordeste II

Nós mulheres camponesas, mães e lutadoras organizadas no Movimento de Mulheres Camponesas - MMC temos consciência que se queremos ser fiéis à missão de libertação da mulher, de produzir alimentos saudáveis e transformar da sociedade implica na luta contra o modelo de sociedade capitalista e patriarcal.

Este modelo que se orienta pela ação do capital imperialista através do agro e hidronegócio. Uma de suas ações é o projeto de transposição do Rio São Francisco que visa sustentar os interesses de empreiteiros e de empresários ligados as transnacionais

Em 2005, D. Cappio juntamente com os movimentos sociais e pastorais levantaram-se profeticamente em defesa dos pobres e do rio São Francisco e fez sua primeira greve de fome, por 11 dias. Na capela de Sobradinho, Bahia. Dom Cappio recusou alimentos até que o governo Lula prometeu em rediscutir o projeto e promover a revitalização do rio.

Passado algum tempo, o governo não honrou o compromisso assumido em 2005, e iniciou as obras de transposição orçada em R$ 5 bilhões, em uma região onde predomina o latifúndio e cerca de 12 milhões de pessoas não tem acesso à propriedade da terra, atingirá também 34 comunidades indígenas e 153 comunidades quilombolas. Este projeto atinge 391 municípios de 4 Estados (Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará). Além disso, 71% da água do eixo norte, passa longe dos sertões menos chuvosos e 87% dessas águas seriam para grandes atividades econômicas voltadas a exportação, como fruticultura irrigada, criação de camarão.

Cabe ainda lembrar a Articulação do Semi-Árido (ASA) que se propõe construir um milhão de cisternas e construiu 220 mil. Ação barata para aliviar os graves períodos de secas que a população enfrenta, mas apenas 25% das cisternas foram construídas.

No Supremo Tribunal Federal, há 14 ações que comprovam ilegalidades e irregularidades do projeto de Transposição do Rio São Francisco que não foram julgadas, mas para dar continuidade às obras o governo colocou o Exército. A decisão, do dia 10/12/2007, do TRF (Tribunal Regional Federal) da 1ª Região, de Brasília, decidiu pela suspensão das obras. Isso mostra como esta obra vem sendo conduzida de forma arbitraria e autoritária. O que está em jogo é que nação queremos para nós, nossas filhas e filhos, ou uma nação sob a dominação do hidro-agronegócio.

Além disso, a transposição terá profundos impactos ambientais e sociais em toda a extensão. Estudos ambientais não foram concluídos pela comunidade científica.

Neste tempo onde a VIDA, a NATUREZA parece não ter mais valor e que o capital dominou os corações, Dom Luiz Flávio Cappio iniciou, dia 28 de novembro, jejum e orações em defesa ao Rio São Francisco, contra a transposição, em favor as comunidades que vivem a seu curso, ribeirinhos, pescadores, quilombolas, indígenas e por todos os que sofrem e são vitimas da seca e sede no nordeste.

D. Cappio, coloca sua liderança para materializar e dar visibilidade a milhares de pessoas que estão lutando com todas as forças em defesa do Rio São Francisco, pois o Rio significa a continuidade da vida naquela região, nos faz lembrar, João Batista que disse: Eu sou a voz que clama no deserto por justiça e verdade... Hoje é nosso tempo de cuidar e preservar a biodiversidade, a água, enfim todas as formas de vida... pois em nome do lucro num futuro próximo infelizmente poderemos não ter um copo de água para alcançar a nossos filhos e filhas.

CONCLAMAMOS todas as mulheres lutadoras e geradoras da vida, organizadas no MMC, somarmos na luta contra a transposição do Rio São Francisco, pela dignidade dos povos,pela preservação de tantas vidas animais e vegetais da região e pela soberania nacional.

FORTALECER A LUTA: EM DEFESA DA VIDA! SEMPRE!

 

Comissão Pastoral da Terra Nordeste II

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