O Palácio do Planalto iniciou, no fim de semana, um intenso diálogo com d. Luiz Flávio Cappio, 61, bispo de Barra (BA), na expectativa de uma possível interrupção da greve de fome do religioso, que completa hoje 21 dias. O governo, porém, diz continuar firme em sua posição de não interromper as obras de transposição do rio São Francisco, motivo do jejum.
O bispo negou ontem que esteja negociando com o governo. Confirmou ter recebido propostas do chefe-de-gabinete do presidente Lula, Gilberto Carvalho, mas disse que as considerou "indecorosas".
As negociações começaram no sábado, quando Carvalho recebeu uma ligação do padre de Lins (SP) José Oscar Beozzo. Procurado pela Folha, o padre se limitou a dizer que "não está autorizado" a comentar o assunto. Beozzo teria acenado pela abertura do diálogo caso o governo aceite ampliar um programa que prevê a construção de 1 milhão de cisternas no semi-árido nordestino. Segundo os assessores do bispo, Beozzo agiu por conta própria.
Segundo Paulo de Tarso Lyra, jornalista, em reportagem publicada no jornal Valor, 18-12-2007, no mesmo dia, Carvalho participou da celebração da Festa da Natividade, no Vale do Anhangabaú e encontrou-se com o arcebispo de São Paulo, Dom Odilo Scherer. O arcebispo apresentou o chefe de gabinete de Lula a parentes de Dom Cappio, a quem Carvalho reforçou a oferta do governo. Um dos parentes ligou para o grevista e colocou-o em contato telefônico com o petista.
Os dois falaram aproximadamente dez minutos pelo telefone. O bispo grevista repetiu que o governo era "insensível", demonstrou pouca disposição para o diálogo, mas prometeu que levaria a iniciativa ao "seu grupo". Por volta das 22h30, Gilberto Carvalho foi procurado por Rubens, ligado à Comissão Pastoral da Terra (CPT). Rubens apenas reforçou as palavras ditas por Cappio mais cedo: "O governo era insensível e a oferta, insuficiente para assegurar a abertura do diálogo".
No final da tarde de domingo, por volta das 18 horas, Gilberto Carvalho recebeu um novo telefonema, desta vez de Dom Dimas Lara Barbosa, secretário-geral da CNBB, entidade que já havia estado com o presidente Lula e Carvalho na semana passada. Dimas já havia falado com Dom Cappio e pediu para Gilberto Carvalho comparecer à sede da CNBB, em Brasília, na manhã de ontem.
No encontro, Gilberto deixou claro que toda negociação que iria transcorrer dali por diante tinha a expressa autorização do presidente da República. Pelo lado da Igreja, além de Dom Dimas, estavam presentes representantes da Comissão de Justiça e Paz; Conselho Indigenista Missionário (CIMI) e Cáritas.
Carvalho confirmou a disposição do governo em ampliar o programa de cisternas e de acelerar a revitalização do São Francisco. Mas disse que, em nenhum momento, o governo abriria mão de prosseguir com as obras de transposição. A decisão de suspendê-las temporariamente, até o dia 7 de janeiro, seria, assim, um sinal de "boa vontade" do governo para retomar o diálogo com o bispo grevista. Uma nova reunião está prevista para hoje, com a presença de técnicos do governo.
Segundo o jornal Folha de S. Paulo, Lula autorizou Carvalho a dar continuidade às conversas, mas impôs duas condições: 1) as obras devem continuar a qualquer custo e 2) o governo não deve apresentar propostas, esperando que elas cheguem do bispo.
Carvalho, então, telefonou para d. Luiz, afirmando que aceitava a ampliação do programa. No mesmo dia, porém, Rubem Fonseca, emissário do religioso, teria avisado que o bispo desistira das conversas.
Mas, no domingo, o secretário-geral da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), d. Dimas Lara Barbosa, procurou o representante do Planalto para avisá-lo que d. Luiz "estaria aberto às negociações" e convidou-o para uma reunião, em Brasília, com representantes de entidades religiosas que apóiam o bispo.
Na reunião, Carvalho teria aumentado a proposta: além de ampliar o programa das cisternas, o governo aceleraria a revitalização do rio. Em troca, o bispo encerraria o jejum. Hoje, Carvalho deve voltar à CNBB, com técnicos do governo, para "concretizar" a proposta.
O bispo, porém, diz que não haverá acordo. Lembra que a promessa de "esforço do governo" para a aprovação da PEC (Proposta de Emenda à Constituição) que destina R$ 250 milhões anuais à revitalização do rio já havia sido feita há dois anos, em sua primeira greve de fome, e não foi cumprida. Sobre as cisternas, diz que o projeto tem sete anos e que, até agora, apenas 200 mil delas foram construídas no sertão.
Suplicy tenta articular diálogo do bispo com o governo
O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) assumiu, ontem, o papel de articulador no Congresso Nacional em favor do diálogo entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o bispo de Barra (BA), dom Luiz Flávio Cappio, em jejum há 21 dias contra a transposição do Rio São Francisco. A reportagem é de Sílvio Ribas e publicada pelo jornal A Tarde, 18-12-2007.
Em pronunciamento na tribuna do Senado, Suplicy relatou o encontro que teve com o bispo semana passada em Sobradinho (BA), mostrou-se preocupado com a saúde dele e pediu maior abertura do governo para debater alternativas à transposição.
O senador disse que ligou para o ministro do Desenvolvimento Social, Patrus Ananias, quando estava com Cappio, em busca de apoio, e que marcou encontro para esta terça com o deputado Ciro Gomes (PSB-CE), ex-ministro da Integração Nacional, em busca de informações sobre a transposição.
Câmara
Deputados federais de diferentes partidos e Estados estão se articulando para oferecer saídas para o impasse entre dom Cappio e o governo Lula. A idéia do grupo é colocar, o mais rápido possível, na pauta da Câmara a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 524, de 2002, originada e aprovada pelo Senado e que cria o Fundo de Revitalização do Rio São Francisco.
A resistência do governo à proposta do senador Antônio Carlos Valadares (PSB-SE) está na vinculação de recursos federais que ela prevê. A PEC reserva 0,5% da receita da União, cerca de R$$ 300 milhões anuais, por um período de 20 anos. O dinheiro seria destinado ao plantio de matas ciliares, tratamento de esgotos e outras medidas de preservação do rio.
D. Cappio recusa debate com Ciro
Empenhada em tentar encontrar uma saída para a greve de fome de dom Luiz Cappio, Bispo de Barras, uma alta figura da hierarquia católica sugeriu a ele que aceitasse debater publicamente com o ex-ministro Ciro Gomes, da Integração Nacional, as desvantagens do projeto de transposição das águas do rio São Francisco. A notícia é de Ricardo Noblat, jornalista, seu blog, 17-12-2007.
O projeto começou a sair do papel quando Ciro era ministro. Dom Cappio recusou a sugestão.
'Sou contra porque não é um projeto social'. Entrevista com Dom Luiz Flávio Cappio
O bispo dom Luiz Flávio Cappio, não fala a palavra morte ao descrever as suas intenções com a greve de fome que hoje completa o 22º dia, em protesto contra a obra de transposição das águas do Rio São Francisco. Prefere falar em resistência pela vida. Mas, diferentemente da greve de fome de 11 dias de 2005, que desencadeou uma onda nacional de solidariedade, a atual está enfrentando um movimento organizado contrário. Dom Cappio, bispo da diocese de Barra (BA), diz que a retaliação vem do governo que , ironicamente, ele ajudou a eleger. D. Luiz Flávio Cappio concedeu uma entrevista ao jornal Zero Hora, 18-11-2007, que, pela primeira vez, destaca a notícia da greve.
Eis a entrevista.
Bispo, hoje (ontem) é o seu 21ª dia de greve de fome. O senhor está disposto a ir até onde?
Estamos com muita esperança no que irá acontecer amanhã. Será julgado no Supremo Tribunal Federal (STF) se a execução do projeto de transposição está obedecendo à legislação ambiental. Se a decisão for favorável a nós, deverá se abrir um espaço para rediscutir toda a obra.
Caso a decisão não seja favorável, o senhor vai seguir a greve?
Não quero adiantar nada. Vamos esperar.
Em comparação com a greve de fome que o senhor fez em 2005 e que mobilizou o país, desta vez há notícias de que existe um movimento contrário bem articulado. No fim de semana, o jornal O Globo noticiou que o Exército, que realiza as obras, estaria trabalhando nas comunidades para desestabilizar o seu protesto.
Sim, há um movimento bem articulado contra o protesto. Há um bloqueio de informações para a sociedade a respeito do que está acontecendo aqui. Estão tentando dividir os movimentos sociais e até a própria Igreja Católica. Mas, curiosamente, os contrários estão gerando uma grande onda de solidariedade a favor do protesto. Com é o caso do grupo (vários movimentos sociais) que está iniciando um jejum no Rio Grande do Sul. Também temos recebido solidariedade de vários cantos do mundo.
O governo tem afirmado que a transposição é uma obra social que irá levar desenvolvimento para uma região onde hoje há fome. O senhor é contra isso?
Sou contra, porque não é um projeto social. E não irá beneficiar as comunidades pobres. Se fosse social, eu seria o primeiro a apoiar. O objetivo do projeto é beneficiar o agronegócio e as grandes empresas.
Técnicos do governo argumentam que essas empresas irão gerar empregos. O senhor é contra?
É ilusório. Até o próprio FMI se posicionou contra a obra. O custo para fazer esta água caminhar 2 mil quilômetros por um vale de 25 metros de largura por cinco de profundidade é imenso. E quem vai pagar a conta é o povo. Há um item no projeto que trata exclusivamente sobre isso. Este é o quarto governo que tenta viabilizar o projeto. Não conseguirá.
Mas esse governo é de uma pessoa que os senhor apoiou nas eleições, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Isso não torna essa luta diferente?
É incrível, né? Além dele, nós apoiamos toda a bancada (do PT). Eles deram uma guinada em favor do capital. Nós temos aqui um discurso do presidente Lula do tempo da campanha. Quando perguntaram para ele sobre a transposição do São Francisco, respondeu: "Não me fale essa palavra".
Na sua opinião, por que Lula teria mudado de idéia?
Por causa do poder.
O senhor está jejuando e, com isso, atentando contra a própria vida. Isso também não é ser contra tudo aquilo que jurou defender quando se tornou um religioso?
Não. Uma leitura dos Evangelhos mostra que Jesus fez um jejum de 40 dias. São Francisco fazia dois jejuns de 40 dias por ano. O jejum é uma prática religiosa.
O franciscano do São Francisco
"O goveno tomou um caminho impróprio diante da contestação que lhe faz frei Luiz Flávio Cappio. No mínimo, porque as razões técnicas do frade, contra a divisão de águas do São Francisco, podem ser insuficientes para merecer a reconsideração do plano da obra, mas o seu direito a ver cumprido um compromisso presidencial não deveria ser desprezado: Lula comprometeu-se com d. Luiz Cappio, para obter que suspendesse a primeira greve de fome, a promover um debate público e amplo do projeto governamental em confronto com as críticas e alternativas representadas pelo frade. Compromisso de difícil realização, mas voluntário. Nem esboçado o debate foi", escreve Jânio de Freitas, jornalista, em artigo publicado no jornal Folha de S. Paulo,
Segundo o jornalista, "as respostas de Ciro Gomes, quando ministro da Integração, às objeções ao projeto foram, em geral, convincentes e referidas a estudos comprováveis. O mesmo não se pode dizer da atitude de seu atual sucessor. Os dois artigos assinados agora contra o frade por Geddel Vieira Lima (quem os escreveu, não sei) demonstraram, por si sós, a necessidade de que a Presidência indicasse alguém com lucidez para tratar do assunto. Pior do que não o fazer, Lula e seus imediatos decidiram ignorar d. Luiz Cappio, pela ousadia de desafiá-los com seu manso radicalismo".
E conclui:
"A hierarquia católica divide-se em relação à greve do bispo, ainda que mais convenha acreditar nas notícias de estímulos da CNBB a manifestações em apoio a d. Luiz, como as de ontem, do que em sua reprovação a ele. As manifestações se multiplicam, mas não chegam a ter expressão política real. Os meios de comunicação não têm dado tratamento de realce ao assunto. Mas nada disso diminui o problema, que está aí e não há como presumir, com razoável segurança, até onde tende a chegar. Evidente é que se constitui em problema do governo, especialmente da Presidência, onde não consta haver nem oração para o que fazer em caso de desdobramentos complicadores".
Frei Luís precisa viver. Um artigo de César Benjamin
Suplico que o presidente abra o diálogo com rapidez, por generosidade ou por cálculo: Frei Luís precisa viver. A solicitação é de César Benjamin em artigo que recebemos e publicamos.
Eis o artigo.
Procuro um livro na estante de casa. Na folha de rosto, a dedicatória: “Para o César, que também caminha nas mesmas margens do mesmo rio. Gentio do Ouro, outubro de 2001.” De dentro do livro cai um cartão que já estava esquecido: “César, grato por sua inesperada suavidade, por sua lúcida e firme presença. Grato por você existir. Te abraço. Adriano". Não consigo conter a emoção.
Entre de 1992 e 1993, durante um ano, Adriano e mais três pessoas realizaram uma caminhada de 2.700 quilômetros, das nascentes à foz do rio São Francisco. O livro que ganhei de presente quando os visitei no sertão – Da foz à nascente, o recado do rio, de Nancy Mangabeira Unger – narra poeticamente a empreitada desse grupo de heróis, cujas vidas se confundem com a luta pela vida do rio e das populações sertanejas que dele dependem.
O líder dos peregrinos era um frei franciscano, o mais franciscano de todos franciscanos que conheci, Luís Cappio. Não lembro em que localidade o encontrei – acho que foi em Pintada –, mas nunca o esqueci. É um homem raro. Vive visceralmente o cristianismo, a sua missão. Hoje, é bispo da Diocese da Barra. Continuou o mesmo simples peregrino, um irmão da humanidade, um pobre vivendo entre os pobres. Está em greve de fome há mais de vinte dias e pode morrer. Adriano continua ao seu lado.
Aboletado em Brasília, o presidente Lula acusa frei Luís e seus companheiros, contrários à transposição das águas do rio São Francisco, de não se importarem com a sede dos nordestinos. Para quem conhece os dois personagens, é patético. Um abismo moral os separa. Desse abismo nascem as suas diferentes propostas.
O Semi-Árido brasileiro é imenso: 912 mil km2. É populoso: 22 milhões de pessoas no meio rural. É o mais chuvoso do planeta: 750 mm/ano, em média, o que corresponde a 760 bilhões de metros cúbicos de chuvas por ano. Não é verdade, pois, que falte água ali. A natureza a fornece, mas ela é desperdiçada: as águas evaporam rapidamente, sob o Sol forte, ou vão logo embora, escorrendo ligeiras sobre o solo cristalino impermeável.
Há décadas o Estado investe em obras grandes e caras, que concentram água e, com ela, concentram poder. O presidente Lula quer fazer mais do mesmo. No mundo das promessas e do espetáculo, onde vive, a transposição matará a sede do sertanejo. No mundo real, apenas 4% da água transposta serão destinados ao consumo humano, em uma área equivalente a 6% da região semi-árida. “É a última grande obra da indústria da seca e a primeira grande obra do hidronegócio. Uma falsa solução para um falso problema”, diz Roberto Malvezzi, da Comissão Pastoral da Terra.
Graças à gente como Cappio, Adriano e Malvezzi, o Semi-Árido nordestino experimenta uma lenta revolução cultural. Centenas de organizações sociais, apoiadas pela Igreja Católica e por outras igrejas, adotaram o conceito de convivência com a natureza e desenvolveram in loco cerca de quarenta técnicas inteligentes, baratas e eficientes para armazenar a água da chuva. Ela é suficiente – corresponde a quase 800 vezes o volume d’água da transposição –, mas cai concentrada em um curto período do ano.
Eles lutam por duas metas principais: “um milhão de cisternas” e “uma terra e duas águas”. Combinados, os dois projetos visam a proporcionar a cada família do Semi-Árido uma área de terra suficiente para viver com dignidade, uma fonte permanente de água para abastecimento humano e uma segunda fonte para a produção agropecuária, conforme a vocação de cada microrregião. As experiências já realizadas deram resultados magníficos.
Para oferecer isso à população sertaneja, é preciso realizar a reforma agrária e construir uma malha de aproximadamente 6,6 milhões de pequenas obras: duas cisternas no pé das casas, para consumo humano, uma usual e outra de segurança; mais 2,2 milhões de recipientes para reter água de uso agropecuário. No conjunto, é uma obra gigantesca, mas desconcentrada. A captação de água realizada assim, no pé da casa e na roça, já é também a distribuição dessa mesma água, o que desmonta uma das bases mais importantes do poder das oligarquias locais. Armazenada em locais fechados, ela não evapora. Impulsionado por milhares de pessoas, este poderia ser um projeto mobilizador das energias da sociedade, emancipador das populações sertanejas, se tivesse um apoio decidido do governo federal.
A proposta tem respaldo técnico da Agência Nacional de Águas (ANA), que realizou um minucioso diagnóstico hídrico de 1.356 municípios nordestinos, um brilhante trabalho. O foco é a região semi-árida, mas o diagnóstico inclui grandes centros urbanos, como Salvador, Recife e Fortaleza, abrangendo um universo de 44 milhões de pessoas. As obras propostas pela ANA, as igrejas e as entidades da sociedade civil resolvem a questão da segurança hídrica das populações. Estão orçadas em R$ 3,6 bilhões, a metade do custo inicial da transposição do São Francisco.
Isso não interessa ao agronegócio, um devorador de grandes volumes de água em monoculturas irrigadas, produtoras de frutas para exportação e de cana para fabricar etanol. É para ele e para alguns grupos industriais – grandes financiadores de campanhas eleitorais – que a transposição se destina, pois esses precisam de água concentrada. Ao sertanejo, cada vez mais, restará a opção de migrar ou se tornar bóia-fria.
Para deter a marcha da insensatez, frei Luís entrega a vida, o único bem que possui. Não lhe restou outra opção, pois o governo se esquivou do debate que prometeu. Preferiu apostar na política do fato consumado. Agora, a farsa só poderá prosseguir sobre o cadáver do bispo. O presidente Lula deixou claro que considera essa alternativa aceitável. Porém, antes desse desenlace terrível, o presidente deve meditar sobre as palavras de Paulo Maldos, do Conselho Indigenista Missionário, seu tradicional aliado: “Ao redor do gesto radical do bispo está se formando uma corrente de solidariedade, de apoios, de alianças, de identificação ética, política, social, ideológica, cujos contornos são facilmente identificáveis: trata-se dos movimentos sociais, políticos, pelos direitos humanos, pastorais sociais, personalidades da Igreja Católica, da política, da cultura, que, desde os anos 80, constituíram Lula como liderança de massa em nosso país. (...) Se dom Cappio vier a falecer, será o final dessa história. Não será dom Cappio apenas que morrerá. Morrerá a referência política de Lula e do Partido dos Trabalhadores na história dos movimentos sociais do Brasil. (...) A história da liderança popular de Lula será a história de um fracasso. A morte física de dom Cappio sinalizará a morte política de Lula.”
Suplico que o presidente abra o diálogo com rapidez, por generosidade ou por cálculo: frei Luís precisa viver.
Fontes: Folha de S. Paulo, Jornal Valor, Jornal Zero Hora.