Comissão Pastoral da Terra Nordeste II

Na próxima terça(20), dia da consciência negra, será lançado às 18h na Escola Municipal Manoel Bandeira da Comunidade Quilombola do Sambaquim e Riachão do Sambaquim, na zona rural de Panelas-PE, o documentário curta-metragem “Até onde a vista alcança”, uma realização da Asterisco, dirigido e produzido por Felipe Peres Calheiros.

O documentário patrocinado pelo Banco do Nordeste, através do Programa BNB de Cultura 2007 e co-produzido pela REC Produtores Associados. O filme também será reexibido na quarta-feira(21), no mesmo horário, na Escola Estadual Gregório Bezerra, na zona urbana daquele município.

A Comunidade Quilombola do Sambaquim e

Riachão do Sambaquim localiza-se na zona rural do município pernambucano de Panelas, a 201 km do Recife. Descendentes de uma população negra originária do extinto quilombo de Palmares, as famílias do Sambaquim nunca tiveram o registro de suas terras, as quais foram tomadas por fazendeiros da região, que as “compraram” em cartórios, na primeira metade do século XX. Aqueles que resistiram ao êxodo e à falta de terra e renda, ainda hoje, guardam oralmente a história de luta de seu povo, dançando, cantando e improvisando Mazurcas e Cirandas, manifestações culturais características da localidade.

A realização do curta - Em 2005, a partir de uma reunião dos membros da Associação Quilombola do Sambaquim e Riachão do Sambaquim, surgiu a idéia de organizar um bingo, com o objetivo de arrecadar recursos para alugar um ônibus e levar pessoas de diversas idades que – apesar de morar a apenas 150 km da costa – ainda não conheciam o mar.

“Naquela época, eu era reconhecido como fotógrafo pelas comunidades quilombolas e, nesse sentido, me convidaram para fotografar aquela história. Foi então que lhes respondi: mas isso não é uma cobertura fotográfica, isso é um filme!”, diz Felipe.

Com uma equipe voluntária e recursos próprios, realizou-se toda a etapa de produção, cobrindo o bingo, gravando cenas da cultura e do cotidiano da comunidade, e entrevistando pessoas sobre a possibilidade de conhecer o mar. Nascia então o documentário “Até onde a vista alcança”.

Finalmente, em 13/05/2006 (coincidência ou não: o dia de aniversário da abolição), com os recursos arrecadados no bingo e alguma ajuda da prefeitura local, um ônibus levou 46 pessoas da Comunidade Quilombola à praia de Barra Grande, em Alagoas, para encontrarem pela primeira vez o oceano. O próprio diretor Felipe Peres Calheiros e Mateus Sá (Canal 03) fotografaram em preto e branco toda a viagem entre Panelas e Barra Grande, e o extasiante encontro com o mar. As fotografias contrastam com a imagem em vídeo digital, e oferecem ao espectador a passagem a um outro mundo em duas cores, um mundo de sonho, do sonho de quem esteve no oceano pela primeira vez. A montagem do filme, realizada por Paulo Sano e Rafael Travassos, foge ao padrão de uma construção mais tradicional e cronológica dos fatos. O filme se desenvolve entrecortado por projeções fotográficas em preto e branco de fotos tiradas dentro do ônibus durante a viagem, que quebram o ritmo da narrativa, de forma a sugerir ao espectador a idéia de uma viagem que só se revelará por completo no fim do curta-metragem.

O documentário conta com legendas para 3 línguas e pretende circular em Festivais Nacionais e Internacionais de Cinema. Será lançado em Recife apenas em 2008.

“Até Onde a Vista Alcança” é assinado pela Asterisco, um coletivo formado por Evandro Dunoyer, Felipe Peres Calheiros, Paulo Sano, Rafael Travasssos e Sérgio Santos, que se conheceram no Curso de Comunicação - Radialismo e TV da UFPE, e desde 2006 produzem audiovisual juntos.

Sobre as Comunidades Quilombolas

Comunidades Quilombolas são grupos sociais predominantemente rurais formados em parte ou totalmente por descendentes de negros que escaparam da escravidão, para viver e resistir unidos, desde os tempos do Brasil Colônia. Existem hoje 1.137 comunidades dessa natureza reconhecidas governo brasileiro. Quase a totalidade delas localiza-se distante da vida urbana, em situação de extrema miséria e deficiência alimentar, sem terras para produzir, subempregadas e discriminadas pelas classes dominantes.

Apesar da luta do movimento quilombola e da garantia constitucional de reconhecimento do território quilombola, o governo não concluiu o processo de regularização fundiária de nenhuma comunidade pernambucana. Todas ainda lutam pela devolução de suas terras, a maioria griladas e tomadas no começo do século XX.

Mais Informações: Felipe Calheiros, (81)9959-8066, email:Este endereço para e-mail está protegido contra spambots. Você precisa habilitar o JavaScript para visualizá-lo.

Ficha técnica

direção, direção de fotografia e roteiro

FELIPE PERES CALHEIROS

assistente de direção:GIORGE PATRICK BESSONI

pesquisa:JEIDE NOGUEIRA, HELTON SILVA RONALDO MOURA,

colaboraram com o roteiro: EVANDRO DUNOYER SÉRGIO SANTOS.

fotografias em preto e branco:FELIPE PERES CALHEIROS, MATEUS SÁ

scaneamento e tratamento fotográfico: ROBSON LEMOS

montagem: PAULO SANO, RAFAEL TRAVASSOS

colaboraram com a montagem: JOÃO MARIA MATEUS SÁ

finalização: MARIANA VALENÇA

assistente de finalização: ROBERT CHRISTIAN

arte final:PAULO SANO

produção executiva :FELIPE PERES CALHEIROS

produtores associados MATEUS SÁ REC PRODUTORES ASSOCIADOS

assistentes de produção GIORGE PATRICK BESSONI RONALDO MOURA HELTON SILVA

versão em espanhol:CONCHITA SALAZAR, REGINA FRANÇA, ROBERTA LEITE

versão em inglês: EVANDRO DUNOYER

versão em francês: MAÍRA PONTES

trilha sonora incidental - “Ô Iaiá, Ô Iaiá” MAZURCA DA COMUNIDADE QUILOMBOLA DO SAMBAQUIM E RIACHÃO DO SAMBAQUIM

trilha sonora original - “Ouro Negro” JOHAN BREHMER

 

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