O diretor da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), José Agenor Álvares da Silva, afirmou que o País é responsável por 1/5 do consumo mundial de agrotóxicos. O Brasil usa 19% de todos os defensivos agrícolas produzidos no mundo; os Estados Unidos, 17%; e o restante dos países, 64%.
Ele citou pesquisa segundo a qual o uso desses produtos cresceu 93% entre 2000 e 2010 em todo o mundo, mas no Brasil o percentual foi muito superior (190%).
Segundo o diretor da Anvisa, existem atualmente no País 130 empresas produtoras de defensivos agrícolas, que fabricam 2.400 tipos diferentes de produtos. Em 2010, foram vendidas 936 mil toneladas de agrotóxicos, negócio que movimenta US$ 7,3 bilhões.
Silva participa de debate da Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural.
Intoxicação por agrotóxicos
O diretor do Departamento de Vigilância em Saúde Ambiental e Saúde do Trabalhador do Ministério da Saúde, Guilherme Franco Netto, afirmou que, em 2011, foram registrados mais de 8 mil casos de intoxicação por agrotóxicos no Brasil. Segundo ele, essas notificações não expressam o número real, que é maior.
Participante de audiência da Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural, Franco Netto destacou que, de 2005 a 2010, houve aumento do consumo de agrotóxicos no País, assim como das notificações de intoxicação. De acordo com ele, dois grupos populacionais estão mais expostos à contaminação por agrotóxicos: adultos jovens (20 a 49 anos) e crianças, intoxicadas por exposição acidental ao produto.
O diretor citou ainda estudo feito pela Universidade Federal da Bahia que aponta aumento, na última década, da mortalidade provocada por exposição aos agrotóxicos. Entre os trabalhadores agrícolas, os registros revelam que o número de mulheres afetadas é maior do que o de homens.
Saúde
A médica especialista em Medicina Preventiva Anamaria Tambellini disse há pouco que não condena o uso de agrotóxicos, mas faz uma ressalva. "Todo o cuidado é pouco, principalmente com as novas substâncias que estão sendo criadas, porque não se sabe as consequências delas nos organismos das pessoas".
Segundo a médica, o princípio da precaução deve ser levado em conta quando há indícios de que determinada substância pode ser prejudicial à saúde - o que é o caso dos agrotóxicos.
Anamaria Tambellini destaca que a produção dos agrotóxicos envolve riscos não só para os trabalhadores das indústrias onde o produto é feito. "As formas de produção, quando não são controladas, podem produzir resíduos que vão contaminar água, solo, ar e, assim, várias outras pessoas", alertou.
Ela ressalta que a variedade de agrotóxicos em uso no Brasil é tão grande que fica difícil para um profissional da saúde identificar o problema do paciente e buscar a possível cura.
Fonte: Da Agência Câmara