Durante o Congresso Mundial de Nutrição, realizado no último final de semana no Rio de Janeiro, dois estudos foram apresentados apontando os impactos do uso de agrotóxicos na saúde dos brasileiros. O primeiro documento foi o dossiê “Um alerta sobre os impactos dos agrotóxicos na saúde”, apresentado pela Associação Brasileira de Pós-Graduação em Saúde Coletiva (Abrasco). O trabalho aponta diversos tipos de contaminação por agrotóxicos, tais como na água da chuva, nos alimentos e até no leite materno. Segundo o estudo, um terço dos alimentos consumidos pelos brasileiro é contaminado.
Já o segundo documento foi apresentado pelo Instituto Nacional de Câncer (Inca) e revela que dos cerca de 500 mil novos casos de câncer por ano, muitos ocorrem pela contaminação por agrotóxicos. O estudo relaciona câncer de mama, estômago e esôfago, cavidade oral, faringe e laringe e leucemias ao uso desses venenos, tendo em vista que é comprovado que uma diversas marcas têm potencial cancerígeno.
Ambos os trabalhos fazem um alerta ao Estado brasileiro. Segundo Fernando Carneiro, professor da Universidade de Brasília (UnB) e um dos organizadores do dossiê da Abrasco, o “principal impacto que se espera do dossiê é tirar da inércia a estrutura do estado em relação aos riscos que os agrotóxicos oferecem à população e ao meio ambiente”.
Dados do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) mostram que, entre 1990 e 2010, o Brasil se tornou o maior consumidor de agrotóxicos do mundo. Nesse período, o mercado brasileiro de agrotóxicos cresceu 576%, dando um lucro de 7,3 bilhões de dólares às empresas produtoras de venenos. Diante disso, o dossiê Abrasco aponta estratégias como o fortalecimento da agricultura familiar e da agroecologia para produção de alimentos saudáveis. (pulsar)