Comissão Pastoral da Terra Nordeste II

A Comissão Pastoral da Terra encaminhou hoje (28), ao IBAMA, a denúncia de crimes ambientais praticados pela Usina Trapiche, no município de Sirinhaém, zona mata sul de Pernambuco, a aproximadamente 70 km do Recife.

As denúncias estão relacionadas a crimes cometidos contra uma Área de Preservação Ambiental (APA), localizada no Estuário do Rio Sirinhaém, mais precisamente nas Ilhas de Canoé, Raposinha e Cinquenta De acordo com a denúncia protocolada pela CPT, a Usina Trapiche construiu extensos canais para escoamento do vinhoto que vêm provocando desequilíbrios e destruições na área. O vinhoto é uma substância tóxica, resultante do processo de transformação da cana-de-açúcar em etanol. A substância é usada como adubo nos canaviais, mas colocada em contato com o solo e com a água dos rios e mangues contamina-os provocando uma série de problemas ambientais.

Além de causar a contaminação do solo e do subsolo por onde passa o vinhoto, os canais provocam o isolamento de determinadas áreas impossibilitando a circulação de espécies da fauna e da flora costeira para que mantenham a sua reprodução e preservação. Recai também sobre a Usina Trapiche a denúncia de devastação de mangues, principalmente por aterramento para plantação de cana.

O Padre Tiago Thorlby, da Comissão Pastoral da Terra, afirma que apesar de sustentar uma imagem de promotora da preservação ambiental e alegar ser orientada por entidades ambientalistas, a Trapiche continua impune com relação as violações que promove. ¨Estes crimes estão ai para todo mundo ver. E não são crimes feitos por ignorância, pois esta Usina, especificamente, é orientada pela Conservation International, Associação para Proteção da Mata Atlântica do Nordeste (AMANE), Sociedade Nordestina de Ecologia (SNE). Thorlby questiona ainda a função dos órgãos responsáveis pela defesa do meio ambiente em situações de violações como as provocadas pela Trapiche, “Onde estão os órgãos públicos de preservação do meio ambiente que permitem uma devastação tão grande em área já reconhecidamente de preservação?”.

A Área de Proteção Ambiental, referente ao bioma da Mata Atlântica e seus ecossistemas; as restingas e manguezais, localizada em Sirinhaém, foi criada pelo Decreto 2122 de 28 de dezembro de 1998 com o objetivo de promover o desenvolvimento econômico-social voltados às atividades que protejam e conservem os ecossistemas naturais essenciais à biodiversidade.

Ainda no documento a CPT solicitou que o IBAMA realize uma expedição na área para constatar as denúncias e tomar as medidas cabíveis desde a aplicação de multas, à responsabilização civil, administrativa e penal, prevista na Lei dos Crimes Ambientais 9605de 1999, e também a reparação do dano causado na região.

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