Com o fim do ano se aproximando, comunidades apoiadas pela CPT na Zona da Mata Norte de Pernambuco se reuniram para avaliar as lutas, conquistas e desafios enfrentados ao longo do período e traçar estratégias para o próximo ano. O encontro ocorreu nessa segunda-feira, 2, no assentamento Belo Horizonte/Natal, localizado no município de Aliança, e contou com a participação de representantes de nove comunidades acompanhadas pela Pastoral na região.
Setor de comunicação da CPT NE2
Os agricultores e agricultoras presentes eram oriundos de diversos assentamentos da Reforma Agrária e também de comunidades posseiras que lutam pela efetivação do direito à terra na região. Durante o encontro, por meio de muito diálogo e reflexão, os(as) participantes elencaram alguns dos principais desafios que marcaram o ano que se encerra.
Para aqueles(as) que ainda estão em luta pela efetivação do direito à terra, o maior desafio é o enfrentamento à violência no campo e, sobretudo, a conquista da terra e a luta pela Reforma Agrária. Em 2024, comunidades posseiras como São Bento e Gongo, situadas em Itambé, e Padre Tiago, situada no município de Moreno, continuaram sendo alvos de violência, violação de direitos humanos e conflitos agrários, os quais perduram há anos sem que haja uma solução definitiva por parte do Estado.
Já para aqueles(as) que vivem em comunidades de assentamentos da Reforma Agrária, a organização comunitária foi considerada uma das questões mais importantes e desafiadoras. A consolidação de grupos de mulheres e jovens e a ampliação da participação nas reuniões das associações comunitárias foram elencadas como elementos estratégicos para fortalecer a organização comunitária para o próximo ano.
Apesar de realidades distintas quanto à efetivação do direito à terra, todas as comunidades participantes identificaram um desafio em comum: a luta em defesa da produção camponesa agroecológica. Os agricultores e agricultoras destacaram a urgência de transformar a matriz produtiva e enfrentar os desafios impostos pelo monocultivo e pelo agronegócio, sendo, para isso, essencial o acesso a tecnologias e maquinários adequados para a agricultura camponesa, além da organização e articulação dos processos produtivos comunitários e da consolidação de cooperativas.
Ainda que sejam grandes os desafios para reforçar a produção agroecológica numa região marcada pela hegemonia secular do monocultivo da cana-de-açúcar, os agricultores e agricultoras reconheceram que esse foi um dos principais destaques e avanços de 2024. Para os camponeses e camponesas presentes, a produção agroecológica e as práticas de cuidado da Casa Comum têm sido uma grande estratégia para reforçar a luta pelo direito à terra, pela Reforma Agrária, pela soberania e segurança alimentar no campo e na cidade. O ânimo para seguir ampliando essas iniciativas seguirá firme em 2025.