Neste sábado, 14 de setembro, Dia da Exaltação da Santa Cruz, foi realizada a Caminhada Cruz Sem Males em União dos Palmares (AL). A procissão marcou o processo de preparação para a 35ª Romaria da Terra e das Águas, que acontecerá nos dias 16 e 17 de novembro de 2024, na Serra da Barriga.
Um símbolo de fé e resistência
A caminhada começou por volta das 16h na Praça Padre Cícero, de onde a cruz, produzida artesanalmente pelos monges da Catita em 2002, foi levada até a Igreja Matriz. Durante o trajeto, os participantes entoaram cantos e orações, refletindo sobre a importância da cruz como símbolo de salvação. Aconteceram três paradas para momentos de reflexão.
Na primeira parada, um trecho da encíclica Laudato si’, do Papa Francisco, foi lido, enfatizando a importância do cuidado com a criação e a responsabilidade de todos na preservação do meio ambiente. Irmã Vanda, da congregação Irmãs de São José, destacou a mensagem de que a Terra clama contra os danos causados pelo uso irresponsável dos recursos naturais. "A humanidade é chamada a tomar consciência da necessidade de mudanças de estilos de vida, de produção e de consumo, para combater este aquecimento ou, pelo menos, as causas humanas que o produzem ou acentuam", leu a religiosa.
Na segunda parada, foi lida a passagem bíblica do livro de Ezequiel (37,1-14), que traz uma mensagem de esperança e restauração diante do sofrimento e da opressão. A reflexão trazida pela Irmã Valquíria de Jesus, da congregação Filhas do Sagrado Coração de Jesus, destacou a metáfora do "vale de ossos secos", que simboliza a necessidade de união, fortalecimento e proteção para que o Espírito de Deus possa trazer vida e transformação.
A terceira e última parada da Caminhada Cruz Sem Males, conduzida pelo educador José Raildo Ferreira, das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs), trouxe uma reflexão sobre a história e o simbolismo da cruz que acompanha a Romaria da Terra e das Águas desde 2002. A cruz tem um significado profundo para os que lutam pela terra, mas também para todos e todas que caminham em direção à "Terra sem males", guiados por Cristo crucificado e ressuscitado. Nela estão representadas romarias anteriores, lembrando que essas jornadas são passos significativos rumo à justiça e à libertação.
O evento foi um gesto de fé que relembrou o martírio de Jesus Cristo e dos que, como ele, deram suas vidas pela justiça e pela construção de um mundo melhor.
Após a caminhada, foi celebrada a missa na Igreja Matriz Santa Maria Madalena, presidida pelo padre Gilvan Neves, assessor das pastorais sociais da Arquidiocese de Maceió, ao lado do pároco anfitrião, padre George Lourenço, e do padre Giacomo, da paróquia de Piossasco, situada na Diocese de Torino, na Itália.
O padre George Lourenço, pároco da Paróquia Santa Maria Madalena, destacou a importância da caminhada e do significado da cruz para a comunidade:
"Amado povo de Deus, hoje tivemos a graça de celebrar a exaltação da Santa Cruz. Nesta ocasião, nós vivemos uma grande caminhada carregando a cruz, recordando que devemos abraçar a cruz e os desafios para transformar o mundo. Essa caminhada nos introduz em um processo que vai nos levar à Romaria da Terra e das Águas, e convidou toda a cidade a participar desse momento, assim como toda a Arquidiocese de Maceió", disse ele, reforçando o convite para a romaria de novembro.
Preparação para a 35ª Romaria da Terra e das Águas
A 35ª Romaria da Terra e das Águas acontecerá nos dias 16 e 17 de novembro de 2024, na Serra da Barriga, com o tema "Com fé, rompendo cercas e tecendo teias" e o lema "A terra a Deus pertence" (cf. Lv 25), em celebração aos 50 anos da Comissão Pastoral da Terra. O evento sairá do Sítio Recanto e seguirá até o platô da Serra da Barriga, com expectativa de reunir mais de mil romeiros de várias partes do estado.
A romaria está sendo organizada pela CPT em parceria com a Arquidiocese de Maceió, Paróquia Santa Maria Madalena, Comunidades Eclesiais de Base (CEBs), Centro de Estudos Bíblicos (Cebi), Cáritas Brasileira e as associações italianas Amici di Joaquim Gomes e Pachamama.
A Caminhada Cruz Sem Males foi mais do que um simples evento religioso, representando um ato de resistência e esperança. Ela reforça o compromisso da comunidade com a luta pela justiça social e pelo cuidado com a Terra, preparando espiritualmente as pessoas para a Romaria da Terra e das Águas, que será um momento de fé e reflexão sobre o futuro da terra e dos povos que dela dependem.