Conflitos no campo na Paraíba atingiram mais de 31 mil pessoas em 2020
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2020 foi o ano com o maior número de conflitos no campo, de ocorrências de conflitos por terra, de invasões de territórios e de assassinatos em conflitos pela água já registrados pela CPT. No estado da Paraíba, esse cenário de violência no campo atingiu mais de 31 mil pessoas, 12,9 % a mais que em 2019.
O número de pessoas que sofreram violência no campo na Paraíba passou de 27.816, em 2019, para 31.508, em 2020. Desse total, 27.912 foram vítimas de conflitos por terra e 3.596, de conflitos pela água. Os dados estão no Caderno Conflitos no Campo Brasil - 2020, da Comissão Pastoral da Terra (CPT). A publicação, lançada no fim de maio, revela a situação de violência a que estão submetidas comunidades e populações camponesas no país.
Comunidades doam 32 toneladas de alimentos em celebração aos 46 anos da Comissão Pastoral da Terra (CPT)
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Nessa terça-feira, 22, comunidades camponesas apoiadas pela CPT Nordeste 2 doaram 32 toneladas de alimentos para amenizar o sofrimento de populações afetadas pela pandemia nos estados de Alagoas, Paraíba, Pernambuco e Rio Grande do Norte. Estima-se que mais de 1.500 famílias tenham sido beneficiadas com a partilha dos frutos da terra. As doações fazem parte do segundo ano da campanha “Repartir a terra, partilhar o pão”, em celebração aos 46 anos da Comissão Pastoral da Terra no Brasil.
Fiéis ao Deus dos pobres e inspiradas no exemplo de Jesus, os agricultores e agricultoras, em conjunto com agentes pastorais, partilharam os frutos da terra pela qual lutaram ou ainda lutam. Comunidades de assentamentos da Reforma Agrária, acampamentos, quilombos, famílias posseiras e ameaçadas de despejo e expulsão apoiadas pela Pastoral nos quatro estados nordestinos participaram das doações.
A CPT nasceu em 1975, em plena ditadura militar, para se fazer igreja radical, profética e profundamente conectada com o sonho de justiça dos/as empobrecidos/as da Terra. Hoje, diante da pandemia, da violência no campo, da fome e do desemprego não há o que comemorar. Mas a partilha dos alimentos da luta pela terra é também a partilha da esperança por um mundo de Justiça e de Vida e da resistência contra a atual política de morte implementada no país. O gesto de solidariedade também fortaleceu a luta pela vacina já para todos e todas e pelo auxílio emergencial até o fim da pandemia.
Acompanhe as ações realizadas nos estados:
Em Alagoas, famílias apoiadas pela CPT doaram 250 cestas camponesas para quatro comunidades situadas em Maceió: Imaculada Conceição, no bairro de Jacintinho; Igreja Batista da Grota da Alegria, no Benedito Bentes; terreiro Abassá de Angola Ota Balé, na Cidade Universitária; e Centro de Formação Santa Rosa de Lima, onde crianças em situação de rua são acolhidas pelo Instituto Pobres Filhas da Visitação de Maria. Além dessas, cestas camponesas também foram destinadas à Área Pastoral Nossa Senhora de Fátima, no município de Rio Largo.
Os produtos vieram das comunidades dos assentamentos Irmã Dorothy e Margarida Alves, situados no litoral; acampamentos Bota Velha e Santa Cruz e assentamentos Rio Bonito e Dom Hélder Câmara, na Zona da Mata; e dos assentamentos Todos os Santos e São Francisco, no Sertão alagoano. Para Padre Raul, da Área Pastoral Nossa Senhora de Fátima de Rio Largo (AL), a ação de solidariedade foi um ato de comunhão. “Ato de partilhar os dons do campo com quem está aqui na cidade. É uma graça de Deus”, agradece.
Doações de alimentos realizadas pela Equipe de CPT em Alagoas. Fotos: Equipe CPT Alagoas
Na Paraíba, as ações foram descentralizadas. Em Campina Grande, agricultoras e agricultores apoiados pela CPT doaram 1.880 quilos de alimentos para famílias atendidas pela Casa da Criança Dr. João Moura, para profissionais ligadas/os ao Sindicato das Trabalhadoras e dos Trabalhadores Domésticos do município e também para artistas da Frente Campinense pela Cultura. 150 famílias receberam as doações.
Doações de alimentos realizadas pelas comunidades e equipes de CPT em Campina Grande (PB). Fotos: Equipe CPT Campina Grande (PB)
Já na Diocese de Guarabira, 1.500 quilos de alimentos foram doados ao público atendido pela Pastoral da Sobriedade, no município de Belém. A produção veio das comunidades Redenção, em Pilões; Senhor do Bonfim, em Alagoinha; Vazante, em Tacima; Baixio, em Riachão; Nossa Senhora de Fátima e Nossa Senhora das Graças, em Bananeiras. Além da doação dos alimentos, a CPT também distribuiu 850 mudas frutíferas e nativas para famílias do assentamento São Francisco, em Pilões.
As mudas foram adquiridas por meio de parceria com a Associação de Formação e Incentivo Para o Nordeste Karente (AFINK). A agricultora Francisca Paulina agradeceu a doação. “As mudas vão contribuir para o reflorestamento do meu lote, que foi incendiado em fevereiro de 2021. Vão servir também para fortalecer nossa articulação coletiva e destacar a importância de cuidar da vida e do meio ambiente”, ressalta.
Doações das comunidades apoiadas pela CPT em Guarabira (PB); também ouve distribuição de mudas frutíferas e nativas. Fotos: Equipe Guarabira (PB)
Ainda na Paraíba, na Diocese de João Pessoa, comunidades ligadas à CPT doaram 13 toneladas de alimentos ao Hospital Padre Zé, situado no bairro de Tambiá, na capital do estado. Toda a produção veio de comunidades de assentamento e também de famílias que vêm lutando pelo direito à terra. Macaxeira, inhame, batata, milho, maracujá, coco verde, jerimum, mamão, limão, ovos, bolos, jaca e banana foram alguns dos alimentos partilhados com a unidade hospitalar. O camponês Eliel, do assentamento Árvore Alta, em Alhandra, foi um dos que doaram alimentos. “Como agricultor, eu me sinto muito feliz em poder contribuir junto à CPT com a doação de alimentos para o Hospital que recebe várias famílias carentes. Parabéns, CPT, pelos 46 anos de luta, trabalho e vitória”, destaca.
Distribuição de alimentos para o Hospital Padre Zé, em João Pessoa. Fotos: Equipe João Pessoa (PB).
Em Pernambuco, as doações de alimentos também ocorreram em várias regiões do estado. No Sertão do Pajeú, 1.000 quilos de alimentos da agricultora camponesa foram doados para 30 famílias do bairro Borges, em Afogados da Ingazeira, da comunidade Varzinha dos Quilombolas, em Iguaraci, e da comunidade Santa Luzia, em Sertânia. Alimentos também foram destinados à Campanha Mãos Solidárias e aos agentes populares de saúde atuantes na região.
Doações realizadas pela CPT no Sertão do Pajeú. Fotos: CPT Pajeú (PB).
Na Zona da Mata Sul do estado, as comunidades posseiras dos Engenhos Fervedouro e Barro Branco doaram mais de 5.000 quilos de alimentos, mesmo diante do quadro de ameaças e violências sofridas. A produção foi entregue ao grupo Normal é Ser Diferente, formado por mães de crianças com deficiência, e a pessoas em situação de fome no município de Catende. “Esses alimentos vão nos ajudar muito, principalmente neste momento que estamos vivendo. Tudo o que chegou em nossas mãos foi uma benção”, agradece Laura Rosana, integrante do grupo.
Doação entregue ao grupo Normal é Ser Diferente, formado por mães de crianças com deficiência, em Catende. Fotos: Equipe Mata Sul (PE).
Já na Zona da Mata Norte, as ações foram descentralizadas. Em Moreno, famílias posseiras do Una, que vêm lutando pela terra, realizaram doações à Capela de Santo Antônio. Os alimentos foram redistribuídos entre pessoas em situação de fome no município. Em Aliança, as comunidades Mariano Sales, Dom Helder e Belo Horizonte partilharam sua produção com famílias da periferia.
Em Tracunhaém, as comunidades Chico Mendes, Ismael Felipe e Nova Canaã doaram 150 cestas camponesas. Uma parte foi entregue às famílias atingidas pelas últimas enchentes; outra parte foi destinada a grupos da cultura popular da região. Essa última ação contou com o apoio do grupo organizador do Festival Tipóia. Para marcar o aniversário da CPT, plantios de mudas nativas, doadas por meio de parceria com o IFPE, também estão sendo feitos nas comunidades apoiadas pela equipe.
Doações de alimentos a grupos da cultura popular em Tracunhaém e à Capela Santo Antônio, em Moreno. Fotos: Equipe Mata Norte (PE)
No Rio Grande do Norte, a dada de nascimento da CPT foi celebrada com a entrega de aproximadamente 340 quilos de alimentos da agricultura camponesa para o Lar da Criança Pobre, na cidade de Mossoró. A instituição, fundada e dirigida por freiras franciscanas, acolhe pessoas vulneráveis e empobrecidas, além de prestar apoio aos/às imigrantes venezuelanos/as que se encontram na cidade. Agricultores e agricultoras de seis comunidades apoiadas pela CPT participaram da ação.
Doação de alimentos para o Lar da Criança Pobre - Mossoró (RN). Foto: Equipe CPT RN
Na Campanha, cada comunidade partilhou o que tinha em suas roças e quintais produtivos. A variedade e a quantidade dos alimentos doados demonstram a importância da agricultura camponesa e da luta pela terra para combater a fome e a miséria na região. Farinha, milho, goma, coco, laranja, banana, macaxeira, alface, batata doce, jerimum, feijão, inhame, cenoura, couve, cebolinha, mamão, maracujá, coentro, limão, ovos, jaca, acerola e goiaba foram alguns dos alimentos partilhados pelas comunidades. As ações contaram com o apoio e solidariedade de organizações internacionais, como a Casa do Mundo e a Misereor. Os 46 anos da Pastoral foi celebrado da forma como as comunidades apoiadas sabem fazer: conquistar e repartir a terra para partilhar o pão.
Para ver as ações da campanha nas redes sociais, use a hashtag #Repartiraterrapartilharopão
Álbum de fotos: https://www.facebook.com/media/set/?vanity=cptne2&set=a.6486240128068801
Organizações acendem 500 velas em Maceió por memória e justiça às 500 mil vítimas da Covid-19
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Ação motivada pelo #RespiraBrasil contou com palavras de fé e protesto contra a naturalização das mortes
Para fazer memória e por justiça às 500 mil vítimas da Covid-19 no Brasil, a escadaria da Praça dos Martírios, no centro de Maceió, foi iluminada com 500 velas na segunda-feira, 21. O país atingiu esse número pessoas falecidas em decorrência da pandemia no último sábado.
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