Por André Duarte, Da equipe do Diario de Pernambuco
Com escolta da Polícia Federal, a fiscalização identificou que aproximadamente 40 cortadores de cana do engenho eram mantidos em regime clandestino e em condições subumanas. Além de não possuírem carteira assinada (com remuneração abaixo do mercado), os bóias-frias enfrentavam péssimas condições de trabalho e não tinham sequer equipamentos de proteção, como botas, luvas e chapéus. O ônibus que transportava os trabalhadores até o canavial também apresentava condições precárias.
Marco Barreto está no primeiro mandato na Assembléia, onde é integrante das comissões de Agricultura e Política Rural e de Negócios Municipais. Dificilmente é visto no plenário na Casa e, em dois anos de mandato, formulou dois projetos de lei, que ainda estão tramitando.
Marco Barreto alegou que não é proprietário do engenho, mas a procuradora federal Auxiliadora Sá, que esteve no local, foi informada pelos próprios agricultores que o dinheiro do pagamento era repassado pelo parlamentar a um intermediário, identificado como Antônio Wilson. "O dano moral coletivo existe e é patente. As declarações dos trabalhadores dão conta que o deputado fazia o repasse do pagamento. A degradação humana enfrentada pelo grupo de trabalhadores foi comprovada durante a inspeção", afirmou a procuradora, que está aguardando a conclusão do relatório da Procuradoria Regional do Trabalho para encaminhar a ação civil pública à Justiça Federal. A investigação da procuradoria e de auditores fiscais no engenho Vida Nova foi motivada após um acidente de ônibus que culminou com a morte de dois agricultores e feriu outros 31 trabalhadores clandestinos que seguiam para a propriedade.
Procurado por telefone, o deputado estadual negou todas as acusações e alegou que o seu pai é o verdadeiro proprietário das terras, que foram arrendadas a outro produtor rural. "Eu não tenho nada com isso. A fazendo é do meu pai, que vendeu a lavoura a Antônio Wilson". Marco Barreto também disse que não é responsável pelo pagamento dos cortadores de cana: "Não tenho nada com pagamento nenhum. O que está envolvido é o nome do meu pai. Só posso ver essa denúncia como uma perseguição política dos meus adversários", desabafou, alegando que a terceirização da safra da cana foi formalizada.
Diário de Pernambuco, Recife, 20/02/08.