Comissão Pastoral da Terra Nordeste II

Em uma operação realizada na semana passada pelo Grupo Móvel de Fiscalização do Trabalho Escravo, auditores fiscais do Ministério Público do Trabalho (MPT) e a Polícia Federal libertaram cerca de 800 trabalhadores indígenas flagrados em condições degradantes. Eles trabalhavam numa usina pertencente à Companhia Brasileira de Açúcar e Álcool/Agrisul em Brasilândia (MS).

O procurador do Trabalho e vice-coordenador nacional de Combate ao Trabalho Escravo, Jonas Ratier Moreno, descreve a situação do local onde os indígenas estavam.

“Os alojamentos estavam piores do que uma sela de uma cadeia pública. Colchões podres, rasgados, mal cheirosos, sujeira de tudo o que é espécie, esgoto a céu aberto, banheiros estourados, condições absolutamente degradantes”.

A usina da Agrisul no momento está interditada e espera pela multa que será aplicada pelo (MTE). No entanto, Jonas Ratier Moreno enfatiza que os donos são reincidentes.

“A usina vem há mais de dez anos sendo reiteradamente visitada pela fiscalização do trabalho, sendo orientada a tomar as providências necessárias e mesmo assim sempre fazendo pouco [caso] do que o Estado brasileiro exige dela para ser uma unidade de produção do etanol”.

O fato de índios trabalharem no corte de cana, ao invés de estarem em suas terras, explica-se pelo processo histórico de aldeamento que ocorreu na região entre os anos 1930 e 1940.

Os indígenas foram confinados em pequenos espaços de terra, a população cresceu e hoje suas terras não dão conta mais do seu sustento, fato que obriga a muitos a irem trabalhar nas lavouras de cana. Segundo dados do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), hoje existem 12 mil indígenas trabalhando em usinas de álcool.

Fonte: Radioagência Notícias do Planalto

 

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